03/Out/2022
No mercado doméstico de milho, a tendência é de cotações firmes, com os contratos futuros sustentados na Bolsa de Chicago e a forte expansão das exportações brasileiras em 2022. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,15 a US$ 6,85 por bushel, abaixo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 6,30 a US$ 7,00 por bushel, mas ainda bem acima da média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. De acordo com relatório trimestral de estoques divulgado na sexta-feira (30/09) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os estoques de milho dos Estados Unidos alcançavam 34,980 milhões de toneladas no dia 1º de setembro de 2022, um aumento de 11,5% ante igual data do ano passado, quando as reservas somavam 31,360 milhões de toneladas. O volume, no entanto, ficou abaixo da expectativa do mercado. As cotações estão pressionadas pela diminuição na produção de etanol, pelo aumento dos estoques de etanol e pela desvalorização do petróleo.
Porém, preocupações com a oferta de trigo e com a escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia e dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicando atraso na colheita em relação a temporadas anteriores, mesmo com o recente avanço, limitam as desvalorizações do cereal. A queda dos preços do petróleo para o patamar próximo de US$ 85 o barril do tipo Brent impacta em recuo da competitividade do etanol de milho, que absorve 40% da produção do grão nos EUA. As exportações brasileiras de milho registram expressivo crescimento de 89% entre janeiro-setembro/2022, ante o mesmo período do ano anterior. A projeção é de exportações de 38,4 milhões de toneladas pelo Brasil na atual safra, o que poderá reduzir expressivamente os estoques de passagem para a temporada 2022/2023, para 8,0 milhões de toneladas (o que equivale a apenas 38 dias de consumo interno).
A estimativa da nossa Consultoria é de uma expansão de 6,1% na área total de milho no Brasil em 2022/2023, com destaque para o avanço de 8,1% na 2ª safra, com projeção de produção total de 132,8 milhões de toneladas, incremento de 17,3% sobre a colheita das 3 safras de 2021/2022. Enquanto os compradores se mostram abastecidos, os produtores estão focados na semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023). Nesse cenário, as negociações envolvendo milho estão lentas no Brasil e os preços, estáveis. No geral, o andamento da semeadura da nova safra está satisfatório na maior parte da Região Sul do País. Em muitas regiões, o ritmo está acima do verificado no mesmo período do ano passado, mesmo diante das recentes chuvas. Na Argentina, os trabalhos de campo estão atrasados. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está cotado a R$ 84,42 por saca de 60 Kg, leve queda de 0,1% nos últimos sete dias, mas alta de 0,4% no acumulado do mês de setembro.
Na B3, o vencimento Novembro/2022 tem desvalorização de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 89,03 por saca de 60 Kg. O contrato Janeiro/2023 registra avanço de 0,3% no mesmo período, a R$ 93,73 por saca de 60 Kg, e Março/2023, 0,4%, indo para a R$ 96,39 por saca de 60 Kg. Nos portos, os preços ainda seguem acima dos registrados no mercado interno, tendo como suporte a valorização do dólar, de 5,6% na semana passada. Nos portos de Paranaguá (PR) e em Santos (SP), as médias são de R$ 89,24 por saca de 60 Kg e de R$ 88,72 por saca de 60 Kg, respectivas baixas de 0,3% e alta de 0,5%. Os embarques de milho seguem aquecidos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram exportadas 20,3 milhões de toneladas na parcial da temporada (de fevereiro/2022 a setembro/2022). As importações, por sua vez, somam 1,4 milhão de toneladas na parcial da temporada. Estima-se que as compras externas fechem a safra em 1,9 milhão de toneladas. Em setembro, a projeção é de que foram embarcadas 7,130 milhões de toneladas.
No campo, as chuvas até chegam a limitar a semeadura em algumas regiões, mas estas têm favorecido o desenvolvimento das áreas já implantadas, sobretudo no Paraná. Até o dia 26 de setembro, 58% da área do Paraná havia sido semeada, avanço semanal de 11% e anual de 13%. No Rio Grande do Sul, chuvas auxiliaram na umidade dos solos, e os trabalhos de campo foram retomados. 56% da área foi semeada até o dia 29 de setembro, ritmo superior ao da temporada passada (54%). Considerando-se a área nacional, os trabalhos de campo chegaram, até o início da semana passada, em 19,3% da área, avanço semanal de 6,5% e 2,9% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que a baixa umidade dos solos tem dificultado a semeadura, que somava 5,8% da área nacional até o dia 29 de setembro. Dados divulgados pelo USDA no dia 26 de setembro apontam que a colheita chegou a 12% da área norte-americana, avanço de 5%, mas abaixo dos 17% do ano anterior e dos 14% da média dos últimos cinco anos. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.