ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

17/Out/2022

Tendência de preços firmes para o milho no Brasil

A tendência é de preços firmes para o milho no mercado brasileiros, com as cotações futuras sustentadas em Chicago, exportações brasileiras muito aquecidas e alta da paridade de exportação nos portos do País. As exportações brasileiras de milho registram expressivo crescimento de 111% entre janeiro e a parcial de outubro/2022, ante o mesmo período do ano anterior. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,30 a US$ 7,00 por bushel, pouco acima da faixa da semana anterior, que foi de US$ 6,25 a US$ 6,90 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. A estimativa da nossa Consultoria é de uma expansão de 6,6% na área total de milho no Brasil em 2022/2023, com destaque para o avanço de 8,9% na 2ª safra, com projeção de produção total de 133,7 milhões de toneladas, incremento de 18,5% sobre a colheita das 3 safras de 2021/2022. O relatório mensal de oferta e demanda de outubro/2022, divulgado na quarta-feira (12/10), pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu as projeções de produção, exportações e estoques finais da safra de milho 2022/2023 dos Estados Unidos.

A safra de milho 2022/2023 dos Estados Unidos foi reduzida para 352,9 milhões de toneladas no relatório de outubro, ante 354,2 milhões de toneladas previstas em setembro, 364,7 milhões de toneladas de agosto, ficando bem abaixo da estimativa inicial, de 368,4 milhões de toneladas. Em relação à estimativa inicial, a quebra é de 4,2% ou 15,5 milhões de toneladas. O USDA manteve a estimativa de área plantada em 35,86 milhões de hectares em 2022/2023, forte queda de 5,1% em relação à temporada anterior (2021/2022). A produtividade média da safra 2022/2023 foi reduzida de 180,4 sacas de 60 Kg por hectare, para 179,8 sacas de 60 Kg por hectare. A projeção de exportações dos Estados Unidos na safra 2022/2023 foi reduzida para 54,6 milhões de toneladas, ante 57,8 milhões de toneladas estimadas em setembro. A projeção de uso de milho para produção de etanol nos Estados Unidos na safra 2022/2023 foi reduzida para 133,9 milhões de toneladas, ante 135,3 milhões de toneladas estimadas em setembro. A projeção de estoques finais dos Estados Unidos na safra 2022/2023 também foi reduzida, para 29,7 milhões de toneladas, ante 30,9 milhões de toneladas em setembro.

A demanda internacional pelo cereal brasileiro está mais aquecida, tanto para os negócios imediatos como para as entregas nos próximos meses. Esse cenário está elevando os preços nos portos e, consequentemente, no mercado interno. O aumento da demanda externa está atrelado principalmente às preocupações com a escalada no conflito entre Rússia e Ucrânia, que poderia atrapalhar as exportações de grãos pelo Mar Negro, e à colheita nos Estados Unidos, que ainda segue em ritmo inferior ao registrado na temporada passada. Esse contexto tem impulsionado os futuros nos Estados Unidos. Novas estimativas indicando produção mundial menor nesta temporada também dão suporte aos preços futuros. Apesar das recentes valorizações no mercado doméstico, os consumidores brasileiros ainda não apresentam interesse tão ativo no interior do País frente ao registrado no corredor da exportação. Boa parte deles ainda se baseia no bom andamento da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e nos estoques de passagem confortáveis da atual temporada e têm negociado lotes apenas para o curto prazo.

Os produtores, por sua vez, voltam as atenções aos maiores valores praticados nos portos brasileiros, limitando as vendas de grandes volumes no mercado doméstico. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 1,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 84,42 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 0,9% no mercado de lotes (negociações entre empresas) e de 1,7% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Na B3, os contratos também estão sendo impulsionados pela melhora da demanda internacional. O vencimento Novembro/2022 tem avanço de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 87,69 por saca de 60 Kg, e o Março/2023 registra alta de 2,2% no mesmo período, a R$ 93,30 por saca de 60 Kg. Com os preços mais atrativos nos portos brasileiros, os embarques na parcial de outubro superaram o volume embarcado em todo o mesmo mês do ano anterior. Apenas nos primeiros cinco dias úteis de outubro, foram exportadas 1,8 milhão de toneladas de milho, o que já é 100 mil toneladas acima do embarcado nos 20 dias úteis de outubro/2021.

Além disso, caso a média diária de embarques se mantenha em 377,4 mil toneladas, o volume exportado no mês pode chegar a 7,540 milhões de toneladas. Quanto aos preços, além das altas externas, o dólar valorizado também impulsiona os valores nos portos. Nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), o preço do milho tem avanço de 1,7% e 3,2% nos últimos sete dias, a R$ 90,05 por saca de 60 Kg e a R$ 90,99 por saca de 60 Kg, respectivamente. No campo brasileiro, as recentes chuvas registradas nas Regiões Sul e Sudeste do País têm auxiliado no desenvolvimento das lavouras da safra de verão (1ª safra 2022/2023). No Paraná, a área semeada até o dia 10 de outubro chegou a 75%, com avanço de 8% em relação à semana anterior e ainda 10% superior ao ano passado. No Rio Grande do Sul, 66% da área já havia sido semeada até o dia 13 de outubro, avanço de apenas 2% nos últimos sete dias. O volume de chuvas tem auxiliado nos tratos culturais, mas as baixas temperaturas registradas no início deste mês reduziram o ritmo do desenvolvimento das lavouras e algumas plantas têm apresentado folhas pequenas.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área nacional semeada até o final da semana anterior é de 27%, avanço semanal de 4,3%, mas atraso de 2% em relação ao mesmo período de 2021. Quanto à Argentina, a falta de chuvas no centro agrícola tem atrasado a semeadura, e, caso as precipitações não ocorram nos próximos sete dias, o atual ciclo de produção pode ser afetado. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o momento, a área implantada é de 16,4%, avanço semanal de apenas 2,4%, mas 7,2% abaixo do verificado na temporada anterior. Nos Estados Unidos, a colheita do cereal avançou com expressividade na última semana, de 11%, mas ainda segue abaixo do observado na temporada anterior. Segundo relatório do USDA, até o dia 9 de outubro, 31% da área estimada havia sido colhida, atraso de 9% em relação à 2021, mas já está 1% acima da média dos últimos cinco anos (2017-2021). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.