24/Out/2022
A tendência é de preços firmes para o milho no mercado brasileiros, com as cotações futuras sustentadas em Chicago, exportações brasileiras muito aquecidas e alta da paridade de exportação nos portos do País. As quebras de exportações de milho na Europa e China e as dificuldades de embarques pela Ucrânia estão abrindo mercados para o grão brasileiro. As exportações brasileiras de milho registram expressivo crescimento de 111% entre janeiro e a parcial de outubro/2022, ante o mesmo período do ano anterior. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,20 a US$ 6,90 por bushel, pouco abaixo da faixa da semana anterior, que foi de US$ 6,30 a US$ 7,00 por bushel, e ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. As cotações do milho estão firmes no mercado brasileiro, sustentadas sobretudo pelas exportações aquecidas, pela retração de parte dos vendedores e pelo fato de alguns compradores terem sinalizado interesse em recompor estoques.
A demanda externa pelo cereal brasileiro segue aquecida, mesmo diante da melhora no ritmo da colheita nos Estados Unidos. Esses compradores estão atentos à redução da oferta na União Europeia e na China, que foram atingidas pela seca e registram problemas com a logística, e aos embarques por meio do Mar Negro, devido ao aumento dos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Além disso, na Argentina, a falta de chuvas nas últimas semanas também pode reduzir o potencial produtivo das lavouras. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de lotes (negociações entre empresas) registram alta de 0,4%. No acumulado do mês, as altas são de 0,6%. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta avanço de 0,9% nos últimos sete dias, indo para R$ 85,28 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês, o Indicador avançou 0,9%. Na B3, nos últimos sete dias, os contratos Novembro/2022 e Janeiro/2023 registram desvalorização de 1,3% e 2,0%, respectivamente, a R$ 86,56 por saca de 60 Kg e a R$ 91,47 por saca de 60 Kg.
As negociações de milho nos portos seguem aquecidas, e os preços, em alta. No entanto, o ritmo de comercialização e o movimento de alta foram limitados pela desvalorização do dólar. No Porto de Paranaguá (PR), a valorização nos últimos sete dias é de 0,5%. No Porto de Santos (SP), há queda de 0,4%. Em ambos os portos, as médias de negociação do milho estão acima de R$ 90,00 por saca de 60 Kg, ou seja, superiores às do interior do País. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, apenas em nove dias úteis de outubro, foram embarcadas 3,25 milhões de toneladas de milho, 81% a mais que em todo o mês de outubro/2021. Caso o atual ritmo diário se mantenha até o final deste mês, as exportações podem superar as 7 milhões de toneladas, o que seria o maior volume de 2022. Para a Associações de Exportadores de Cereais (Anec), os embarques devem chegar a 7,22 milhões de toneladas em outubro. Na parcial da safra (fevereiro/2022 até o início de outubro), as exportações brasileiras totalizam 25,2 milhões de toneladas.
A expectativa é de que os embarques somem, até o final de janeiro/2023, entre 38 milhões e 40 milhões de toneladas. A semeadura da safra de verão (1ª safra 2022/2023) teve ritmo mais lento, devido às chuvas. Segundo a Conab, 31% da área nacional foi implantada até o dia 15 de outubro, avanço semanal de 3,9%. No entanto, as precipitações registradas em São Paulo e no Paraná tem provocado atraso de 1% em relação à temporada anterior. Especificamente em São Paulo, a semeadura chegou a 10% da área, contra 55% em 2021. Em Santa Catarina, além das chuvas, as baixas temperaturas também prejudicam os trabalhos de campo, e a área semeada soma 69%, ante 83,4% no ano anterior. No Paraná, 78% da área estimada foi semeada até o dia 17 de outubro, contra 75% na semana anterior. Do total semeado, 86% das lavouras estão em boas condições; 12%, em médias; e apenas 1% está ruim. No Rio Grande do Sul, a semeadura também teve ritmo mais lento, em decorrência da alta umidade do solo.
Os trabalhos de campo no Rio Grande do Sul chegaram a 70% da área estimada, avanço de 4% frente à semana anterior. Neste Estado, 100% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo. Mesmo com a colheita ganhando ritmo nos Estados Unidos, os preços internacionais de milho registram patamares elevados neste mês, sustentados pelas preocupações com a oferta mundial. A média do primeiro vencimento na parcial de outubro está em US$ 6,80 por bushel, a maior deste segundo semestre de 2022. Quanto às lavouras, de acordo com o relatório semanal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 45% haviam sido colhidas até o dia 16 de outubro, avanço de 14% em relação à semana anterior, mas ainda 10% abaixo da temporada passada. Na Argentina, a falta de chuvas tem preocupado os agricultores, que acabaram por reduzir em 200 mil hectares a área semeada, agora estimada em 7,3 milhões hectares, 400 mil a menos que a temporada anterior, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Até o dia 20 de outubro, a semeadura havia chegado a 17% da área estimada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.