ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

28/Nov/2022

Tendência de preços firmes para o milho no Brasil

A tendência é de preços firmes para os preços do milho no mercado brasileiro, com cotações futuras sustentadas em Chicago e forte ritmo das exportações brasileiras em 2022. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,10 a US$ 6,70 por bushel, similar ao visto na semana anterior, que foi de US$ 6,10 a US$ 6,60 por bushel, e bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. O dólar fechou em alta na sexta-feira (25/11), com o mercado reagindo mal à fala do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, cotado para assumir o ministério da Fazenda no próximo ano. O dólar subiu 1,89%, cotado a R$ 5,4103. Com esse resultado, o dólar acumula alta de 4,7% frente ao Real neste mês. No ano de 2022, tem queda de 2,9%. Enquanto as negociações nos portos seguem intensas desde o início deste mês, impulsionadas pela maior demanda externa, no interior do País, a liquidez tem sido baixa.

Isso porque, atentos às valorizações nos portos e à espera de novas altas nos preços, os produtores priorizam as vendas ao mercado externo e limitam a disponibilidade no spot nacional. Esse cenário, somado à maior presença de compradores, vem sustentando os valores do milho. A demanda elevada nos portos brasileiros ocorre mesmo em período de colheita nos Estados Unidos. Assim, a maior procura externa é influenciada pela oferta global enxuta, tendo em vista problemas climáticos no Hemisfério Norte, que limitaram a oferta, e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que resulta em limitações da logística no Mar Negro. Por sua vez, os estoques brasileiros confortáveis e a expectativa de safra verão (1ª safra 2022/2023) volumosa estimulam produtores a negociarem o milho para exportação. Até o momento, a expectativa é de que, no final de janeiro/2023, restem 9,76 milhões de toneladas do cereal, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Quanto à safra de verão (1ª safra 2022/2023), o desenvolvimento tem sido satisfatório na maior parte das regiões produtoras. Alguns agentes relatam necessidade de maiores volumes de chuvas nas Regiões Sul e Sudeste do País, para a manutenção ideal do desenvolvimento. Com isso, até a terceira semana de novembro (considerando-se 12 dias úteis), os embarques brasileiros já superaram o volume escoado em todo o mês de novembro do ano anterior. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram exportadas 3,490 milhões de toneladas, 46% a mais que em novembro de 2021. Caso o atual ritmo de escoamento siga até janeiro, as vendas externas de milho do Brasil podem se aproximar do recorde registrado em 2018/2019, quando 41 milhões de toneladas foram embarcadas. O aumento nas cotações domésticas já ocorre em ritmo maior que o observado no porto, o que tem resultado em diminuição na diferença entre os valores médios.

As médias de preços nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) estão R$ 4,00 por saca de 60 Kg acima do Indicador ESALQ/BM&F, contra R$ 5,00 por saca de 60 Kg na semana anterior. O milho tem média de R$ 90,11 por saca de 60 Kg no Porto de Paranaguá e de R$ 91,08 por saca de 60 Kg no Porto de Santos, com respectivos avanços de 0,2% e de 1,4% nos últimos sete dias. Para entregas em dezembro e janeiro, as médias chegam a R$ 94,00 por saca de 60 Kg. Ressalta-se que a desvalorização da moeda norte-americana também limita a alta das cotações nos portos. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F tem alta de 2,2% nos últimos sete dias, a R$ 85,48 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram leve alta de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,6% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Ressalta-se que manifestações em alguns Estados, como Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, reforçam o movimento de alta nos valores regionais. Na B3, as cotações também acumulam novas altas.

O contrato Janeiro/2023 apresenta valorização de 2,5% nos últimos sete dias, para R$ 90,16 por saca de 60 Kg. O contrato Março/2023 tem alta de 2,2% no mesmo período, a R$ 93,30 por saca de 60 Kg. No campo brasileiro, os dias quentes e o baixo volume de chuvas na maior parte das regiões permitiram o avanço da semeadura. Dados da Conab mostram que, até o dia 19 de novembro, 63% da área nacional havia sido semeada, avanço semanal de 8,7%, mas atraso de 7,7% em relação à temporada anterior. No Rio Grande do Sul e no Paraná, as atividades caminham para a reta final. A Emater-RS relata que a área semeada no Rio Grande do Sul avançou 2% entre 17 e 24 de novembro, chegando a 82% no dia 24 de novembro. Esse ritmo mais lento envolvendo o milho ocorre porque os produtores têm dado prioridade a outras culturas, como a colheita de trigo e/ou a semeadura de soja.

No Paraná, mesmo com as temperaturas elevadas e algumas pancadas de chuvas, a semeadura, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), chegou a 98% da área estadual até o dia 21 de novembro. As atividades precisam ser finalizadas apenas nas regiões de Curitiba, Ivaiporã e União da Vitória. Em São Paulo, a Conab indicou no dia 19 de novembro que os trabalhos de campo foram finalizados. Em Santa Catarina, restam apenas 7% da área estadual para ser semeada. Nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até 21 de novembro, 96% da safra de milho havia sido colhida, contra 93% na semana anterior e acima da média dos últimos cinco anos, de 90%. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires relatou que a semeadura avançou apenas 0,2% nos últimos sete dias, totalizando 23,8% da área destinada ao cereal. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.