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09/Jan/2023

Tendência de preços sustentados do milho no Brasil

A tendência é de preços estáveis para o milho no mercado brasileiro, com cotações futuras ainda sustentadas em Chicago, forte ritmo das exportações brasileiras na temporada 2021/2022 e adversidades climáticas que assolam a Argentina – 4º maior exportador global do grão – e que seguem ameaçando a safra de verão (1ª safra 2022/2023) no Sul do Brasil. As exportações brasileiras de milho foram recordes em 2022, atingindo 43,6 milhões de toneladas, isso sem acesso ao mercado chinês, aberto apenas em novembro de 2022. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 5,90 a US$ 6,60 por bushel, ligeiramente abaixo da faixa de dezembro de 2022, que foi de US$ 6,10 a US$ 6,70 por bushel, mas ainda bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. Na Argentina, o plantio avançou 7 pontos percentuais na semana e atingiu 69,9% da área estimada. Apesar das chuvas registadas nos primeiros dias do ano, as reservas de água em parte do centro e sul da área agrícola ainda são escassas.

13% das lavouras de milho da Argentina têm condições boas ou excelentes, 55% normais e 32% regulares ou ruins. Além disso, 61% da área tem condição hídrica adequada ou ótima e 39% regular ou seca. No mercado interno, as negociações com milho no disponível dão sinais de enfraquecimento. O mercado chegou a ganhar fôlego diante da necessidade de preencher espaço em navios e de compradores internos se reabastecerem. Enquanto os vendedores seguem atentos a quebras na safra de verão, a percepção dos compradores é de que os problemas estão concentrados no Rio Grande do Sul e o milho da 1ª safra que começa a ser colhido pode chegar ao mercado em breve. A expectativa é condições climáticas mais favoráveis em janeiro na maioria das áreas que precisam de chuva, com exceção do Rio Grande do Sul. Ainda que os atuais preços do milho operem em patamares inferiores aos registrados no início de 2022, a oferta mundial enxuta, o ritmo forte das exportações brasileiras e os baixos estoques de passagem vêm dando sustentação às cotações domésticas desde o segundo semestre de 2022.

Neste começo de ano, o setor está atento às perdas de produtividade previstas para as lavouras de primeira safra, sobretudo do Sul do País, mas também à possibilidade de colheita recorde na 2ª safra 2022/2023. Mesmo com o consumo doméstico também recorde, é de se esperar excedente elevado, o que, por sua vez, deve manter as exportações de milho em volumes históricos em 2023. Para a 1ª safra 2022/2023, o baixo volume de chuvas e as altas temperaturas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina vêm prejudicando o desenvolvimento das lavouras. Os preços competitivos do milho brasileiro no mercado internacional devem continuar favorecendo as vendas externas, com exportações estimadas em 45 milhões de toneladas em 2022/2023, um recorde. As transações externas do Brasil podem ser beneficiadas por estimativas de menor produção global, sobretudo na União Europeia e na Argentina, e por dificuldades logísticas impostas pelo conflito da Rússia contra a Ucrânia. Vale considerar que a produção do Hemisfério Norte já foi colhida no segundo semestre de 2022.

Para a temporada 2022/2023, a produção global deverá atingir 1,160 bilhão de toneladas, 4,5% abaixo da safra anterior, segundo dados do USDA. As maiores quedas são estimadas na Ucrânia, de 35%, seguida pela União Europeia e Estados Unidos, com 24% e 8%. Já para Brasil e Argentina, o USDA estima respectivos crescimentos de 9% e de 7% na produção entre 2021/2022 e 2022/2023. Apesar da redução na colheita mundial, a menor demanda no Vietnã, nos Estados Unidos e na União Europeia também influenciou a queda de 1,5% no consumo, que é estimado em 1,160 bilhão de toneladas. Com oferta e demanda mais justas, a relação estoque/consumo deve ficar em 25,6%, próxima à da temporada anterior, de 25,9%, mas abaixo da média das últimas cinco temporadas, de 27,7%. As transações mundiais também devem recuar 10% entre a atual temporada e a próxima, para 181,630 milhões de toneladas. Com a expectativa de redução na produção de importantes produtores, o Brasil deverá ser o segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos, com 55,0 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.