16/Jan/2023
No curto prazo, a tendência é de preços estáveis do milho no mercado brasileiro. As cotações futuras estão sustentadas em Chicago e adversidades climáticas assolam a Argentina – 4º maior exportador global do grão – reduzindo o tamanho da safra de verão (1ª safra 2022/2023) naquele país e, também, no Sul do Brasil. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,00 a US$ 6,75 por bushel, alinhados com a faixa registrada na semana anterior, que foi de US$ 6,10 a US$ 6,55 por bushel, e bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. O dólar fechou praticamente estável ante o Real na sexta-feira (13/01). O dólar subiu 0,14%, e fechou a R$ 5,10. A moeda acumulou sua segunda semana seguida de queda, de 2,46%. As cotações do milho nos portos recuaram de forma expressiva na segunda semana do ano, ignorando o ritmo intenso das exportações neste início de janeiro e a expectativa de continuidade de embarques aquecidos. A pressão ocorre devido à queda do dólar, que limita a paridade de exportação.
As baixas nos portos foram transmitidas, em parte, às cotações no interior do País. Além disso, agentes também se atentam ao início da colheita na Região Sul do Brasil, que terá produção maior que a temporada anterior, apesar de a produtividade ter sido afetada por adversidades climáticas. Considerando-se os dados de exportação de janeiro e as altas dos preços internacionais, os valores internos poderiam estar firmes. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em apenas cinco dias úteis, foram embarcadas 1,87 milhão de toneladas de milho, contra 2,73 milhões de toneladas em todo o mês de janeiro/2022. Caso o ritmo se mantenha em 375,3 mil toneladas por dia, o total pode chegar a 7,8 milhões de toneladas. Quanto aos preços, nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), as quedas são de 3,6% e de 4,8% nos últimos sete dias, com médias a R$ 87,25 por saca de 60 Kg e a R$ 88,15 por saca de 60 Kg, respectivamente. O movimento de queda nos portos se estende para algumas regiões consumidoras. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) recuou 1,0% nos últimos sete dias, a R$ 86,86 por saca de 60 Kg.
No entanto, em importantes regiões produtoras da safra verão (1ª safra 2022/2023) na Região Sul, como Santa Rosa (RS), Ijuí (RS) e Norte do Paraná, os preços estão em alta. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 0,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas), mas avanço de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Na B3, o vencimento Janeiro/2023 apresenta baixa de 0,1% nos últimos sete dias, a R$ 87,50 por saca de 60 Kg, enquanto o Março/2023 tem alta de 0,8% no mesmo período, a R$ 92,51 por saca de 60 Kg. Os primeiros dados oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram divulgados no dia 12 de janeiro, indicando redução na produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023), devido ao clima quente e seco no Rio Grande do Sul e ao excesso de chuvas e às baixas temperaturas no Paraná e em Santa Catarina. Com a produtividade da safra de verão (1ª safra 2022/2023) afetada, a produção totalizará agora 26,46 milhões de toneladas, 3% menor que o projetado em dezembro, mas ainda 5,7% maior que em 2021/2022.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado também no dia 12 de janeiro, indicou recuo nos estoques mundiais de milho na safra 2022/2023, para 296,4 milhões de toneladas, contra 298,4 milhões apontadas em dezembro, o que está relacionado à menor produção na América do Sul e nos Estados Unidos. Para o Brasil, a produção prevista é de 125 milhões de toneladas, e para a Argentina, 52 milhões de toneladas, respectivas diminuições de 1 milhão de toneladas e de 3 milhões de toneladas em relação à projeção anterior. A produção norte-americana está estimada em 348,7 milhões de toneladas, e a mundial, em 1,150 bilhão de toneladas. Com o consumo passando para 1,160 bilhão de toneladas, a relação estoque/consumo se mantém em 25% na temporada. Nesse contexto de preocupações com a oferta mundial do cereal, devido aos cortes nas produções, na Bolsa de Chicago os contratos estão avançando. O contrato Março/2023 apresenta valorização de 2,8% nos últimos sete dias, a US$ 6,71 por bushel. O contrato Maio/2023 tem alta de 2,6% no mesmo período, a US$ 6,69 por bushel.
No campo brasileiro, ainda que de forma pontual, a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) começou em algumas regiões, e os produtores já começam a analisar os impactos do clima adverso na produtividade das lavouras. Na Região Sudeste, o excesso de chuvas limita o avanço dos trabalhos de campo, mas não há relatos de baixa na qualidade das lavouras. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, as altas temperaturas e o clima seco na maior parte das regiões aumentaram os danos nas lavouras, sobretudo em Santa Maria, Frederico Westphalen, Bagé e Santa Rosa, com quedas na produtividade variando de 30% a 45%. Quanto à colheita, chegou a 12% da área até o dia 12 de janeiro. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que a colheita começou apenas em Francisco Beltrão, e que a semeadura da 2ª safra de 2022 já teve início, chegando a 1% da área estadual até o dia 9 de janeiro. Na Argentina, o déficit hídrico e as altas temperaturas seguem preocupando produtores. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a área destinada ao cereal passou de 7,3 milhões de hectares em dezembro para 7,1 milhões de hectares. A semeadura chegou a 83% da área. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.