06/Fev/2023
No curto prazo, a tendência é de pressão baixista sobre os preços do milho no mercado brasileiro. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para 2023 oscilam no intervalo entre US$ 5,90 a US$ 6,80 por bushel, alinhados com a faixa registrada na semana anterior, que foi de US$ 5,85 a US$ 6,80 por bushel, e bem superior à média histórica dos últimos 10 anos de US$ 4,48 por bushel. As negociações de milho no disponível ocorrem de forma pontual no Brasil. Apesar do avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023), os compradores e os vendedores divergem sobre os preços nas Regiões Centro-Oeste e Sul. A demanda está concentrada no consumo interno e os compradores evitam elevar propostas, enquanto os vendedores aguardam oportunidades mais remuneradoras. De qualquer forma, os preços do milho estão avançando em algumas regiões. O suporte vem de preocupações relacionadas ao clima seco e aos possíveis impactos sobre a produtividade das lavouras na Região Sul do País e na Argentina, além do ritmo intenso das exportações brasileiras.
Apesar da expectativa de produção elevada na safra de verão (1ª safra 2022/2023) do Brasil e de estimativas iniciais indicando produção razoável na Argentina, o tempo seco durante o período de desenvolvimento das lavouras tem levado a Emater-RS e a Bolsa de Cereais de Buenos Aires a reduzirem as projeções de produtividade. Quanto às exportações, foram escoadas 6,34 milhões de toneladas em janeiro, volume 132% superior ao de janeiro/2022. No acumulado da temporada 2021/2022 (de fevereiro/2022 a janeiro/2023), os embarques somam 47 milhões de toneladas, 128% acima do exportado no mesmo período de 2020/2021. Assim, utilizando os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a temporada 2021/2022 de suprimento (que é a soma de produção, importações e estoques de passagem), de 123,78 milhões de toneladas, de consumo estimado em 75 milhões e as exportações de 47 milhões de toneladas, o estoque de passagem para este início de fevereiro é de 2 milhões de toneladas, bem inferior às 7 milhões de toneladas de janeiro/2022.
Se somar a produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023) com os estoques de passagem, esse volume representa 35% do consumo da temporada 2022/2023, contra 40% da temporada anterior. Tipicamente, os embarques de milho começam a reduzir o ritmo com o início da safra de verão (1ª safra), sobretudo com os envios de soja. No entanto, para a temporada 2022/2023, a expectativa é de manutenção do desempenho das exportações. Para fevereiro, os line-ups já indicam volume próximo de 2 milhões de toneladas, que, caso se concretize, superará as 770 mil toneladas embarcadas em 2022. No acumulado da safra, a Conab indica exportações de 45 milhões de toneladas em 2022/2023. Os vendedores, atentos ao cenário climático no campo, ao intenso ritmo das exportações e a pontuais problemas logísticos, devido à redução de oferta de fretes para o milho, diante da colheita da soja, limitam a disponibilidade de lotes no spot, enquanto outros elevam os valores indicados.
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 85,04 por saca de 60 Kg. Em São Paulo, nas regiões de Itapeva e de Sorocabana, os valores têm avanço de 1,5% e 0,5%, respectivamente. Em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro e no Paraná, na região norte, as altas são de 1% e de 2,5%, respectivamente. Em outras regiões, as cotações seguem em queda. Em Dourados (MS) e em Rondonópolis (MT), as baixas nos preços nos últimos sete dias são de 2,4% e de 2,2%. No Porto de Paranaguá (PR), a queda é de 0,2% no mesmo período, influenciada pelas desvalorizações externa e do dólar. Nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 0,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os vencimentos se valorizaram no início da semana passada, mas perderam a força no final do período, devido à queda do dólar, que reduz a paridade de exportação.
Os contratos Março/2023 e Maio/2023 apresentam alta de 0,2% nos últimos sete dias, a R$ 88,98 por saca de 60 Kg e a R$ 89,28 por saca de 60 Kg, respectivamente. No campo, a colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023) vem sendo interrompida em algumas regiões do Paraná, de Minas Gerais e de São Paulo, em decorrência do elevado volume de chuvas. Até o dia 30 de janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicava atraso de 3% na colheita, que soma 7,8% da área nacional. No Paraná, a colheita chegou a 1% da área estadual até o dia 30 de janeiro, contra 14% no mesmo período de 2022. Em Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais, a colheita soma 10%, 1% e 2%, respectivamente. Como comparação, no mesmo período de 2022, as atividades totalizavam 34% em Santa Catarina e 6% em São Paulo. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS apontou que a área colhida até o dia 2 de fevereiro era de 35%, contra 27% da semana anterior e 42% de 2022.
Ao mesmo tempo, a semeadura da 2ª safra de 2023 teve início no Paraná, em Goiás e em Mato Grosso do Sul e segue avançando em Mato Grosso, mas também está atrás em relação à temporada anterior. Isso vem ocorrendo devido aos atrasos na colheita da safra de verão (1ª safra 2022/2023), e esse cenário preocupara os produtores, visto que pode diminuir o período de janela ideal. Até o dia 30 de janeiro, a Conab indicou a semeadura de 3,9% da área nacional, abaixo dos 10% do ano anterior. Em Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta atraso de consideráveis 20% em 2023 frente ao ano anterior, com a semeadura chegando até o final da semana anterior em apenas 5,9% da área. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) aponta que o plantio da 2ª safra 2023 totaliza 3%, abaixo dos 10% do mesmo período de 2022. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.