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13/Fev/2023

Tendência de preços sustentados do milho no Brasil

No curto prazo, a tendência é de preços sustentados para o milho no mercado brasileiro. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros para o primeiro semestre de 2023 oscilam no intervalo entre US$ 6,50 a US$ 6,80 por bushel, enquanto os contratos com vencimentos no segundo semestre de 2023 variam de US$ 5,90 a US$ 6,60 por bushel. Todos os vencimentos de 2023 ainda estão em patamares bem superiores à média histórica dos últimos 10 anos, de US$ 4,48 por bushel. O dólar teve forte queda frente ao Real na sexta-feira (10/02), mas ainda fechou a semana com fortes ganhos, com investidores preocupados com a possibilidade de o Banco Central ceder a críticas do governo sobre a conduta da política monetária. O dólar à vista caiu 0,98%, para R$ 5,2220 na venda. O dólar encerrou a semana com alta acumulada de 1,49%. Os preços do milho seguem firmes na maioria das regiões. Esse cenário é registrado mesmo diante de dados oficiais ainda apontando safra 2022/2023 recorde no Brasil. Os movimentos de alta dos valores têm sido um pouco mais intensos em regiões deficitárias de milho.

O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 85,96 por saca de 60 Kg. Nas regiões produtoras de safra de verão (1ª safra), como Santa Rosa (RS) e Norte do Paraná, os avanços nos preços são de 0,9% e de 2,0% no mesmo período. Nos últimos sete dias, há estabilidade de preços no mercado de lotes (negociação entre empresas), mas queda de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Nos portos, o ritmo de embarques segue aquecido, e os preços, em alta, impulsionados pela forte valorização do dólar frente ao Real. No Porto de Paranaguá (PR), o milho é negociado a R$ 91,28 por saca de 60 Kg, elevação de 1,8% nos últimos sete dias. A Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) estima que os embarques em fevereiro somem 2,29 milhões de toneladas, contra 4,9 milhões em janeiro e apenas 523,3 mil toneladas em fevereiro de 2022. No dia 8 de fevereiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reajustaram as produções nacionais e mundiais de milho, mas ainda as mantiveram elevadas.

Com a semeadura atrasada no Brasil e a possibilidade de atraso na janela ideal para a cultura, novos ajustes ainda podem ser realizados. Por enquanto, a Conab indica produção nacional de 123 milhões de toneladas, e o USDA, de 125 milhões de toneladas, respectivas altas de 9% e de 8% em relação à temporada anterior. Entre os relatórios de janeiro e fevereiro, a Conab apontou redução na produção da 2ª safra de 2023, que agora passou a ser estimada em 94,9 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas abaixo da estimativa anterior. Isso se deve à queda na produção de Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraíba. As estimativas de produção da safra de verão (1ª safra 2022/2023) e da 3ª safra de 2023 foram mantidas entre os relatórios de janeiro e de fevereiro, em 26,46 milhões de toneladas e em 2,31 milhões de toneladas, altas de 6% e de 5% em relação aos da temporada anterior. Assim, a oferta total (das três safras) deve somar 123,74 milhões de toneladas, de acordo com a Conab. O consumo interno foi reduzido, e as exportações, elevadas, para 79,37 milhões de toneladas e 47 milhões de toneladas, respectivamente.

Neste mês, a Conab também atualizou dados de consumo de temporada anteriores, fazendo com que os estoques finais, em janeiro/2024, ficassem em 8 milhões de toneladas, superior às 7 milhões de toneladas no atual início de temporada. Em termos mundiais, o destaque apontado pelo USDA foi a redução de 5 milhões de toneladas na produção da Argentina frente às estimativas iniciais e de 2,5 milhões em relação ao ano anterior, agora estimada em 47 milhões de toneladas. Essa diminuição se deve à forte estiagem verificada no país. A produção mundial é estimada em 1,15 bilhão de toneladas, 5% inferior à da temporada anterior. Quanto ao consumo, houve ajustes positivos em relação ao mês anterior apenas para a União Europeia e Vietnã, mas quedas na Argentina, Brasil e Canadá. O consumo mundial é previsto em 1,16 milhões de toneladas. Com isso, os dados do USDA também indicaram estoques mundiais menores que os previstos até janeiro, de 295,27 milhões de toneladas. Apesar da redução na produção e nos estoques mundiais de milho, as cotações internacionais estão recuando, pressionados por preocupações com a demanda pelo cereal dos Estados Unidos.

Isso porque o Brasil vem exportando grandes volumes do cereal e aumentando a concorrência com o milho norte-americano. A semeadura da 2ª safra de 2023 segue atrasada no Brasil. Dados da Conab do dia 4 de fevereiro indicam que apenas 10% da área nacional havia sido semeada, contra 22% da temporada anterior. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) relatou, no dia 6 de fevereiro, que apenas 4% da área estadual foi semeada. Em Mato Grosso, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a implantação somava 16,4% da área na semana passada, contra 41,9% há um ano. Quanto à safra de verão (1ª safra 2022/2023), a colheita também está atrasada, em 5,5%, somando, até o final da semana passada, 9,1% da área nacional. No Paraná, o Deral/Seab indicou que apenas 4% do cereal foi colhido. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, os produtores colheram 39% das lavouras até o dia 9 de fevereiro, pouco avanço (+ 4%) na comparação com a semana anterior. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.