17/Fev/2023

A comercialização de milho não engrena, com demanda muito fraca tanto no mercado spot como de compradores potencialmente interessados no grão futuro. As tradings mantêm, como esperado para esta época, suas atenções centradas no carregamento de soja para os portos e na compra da oleaginosa para embarcar nos próximos meses, deixando de lado novas compras de milho. No mercado interno, as usinas de etanol têm adquirido lotes muito pontuais, enquanto grandes consumidores do Sul aguardam o aumento da oferta do cereal de verão. Os preços altos da logística também desestimulam negócios no spot no Centro-Oeste para abastecer empresas do Sul. Em Mato Grosso, na região de Sinop, a negociação de milho disponível, assim como na maior parte do Brasil, segue muito lenta. Os comerciantes indicam R$ 64,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada imediata e pagamento em 30 dias. As usinas de etanol estão esmagando o que está em estoque e devem voltar a comprar a partir de maio.

Enquanto as propostas de compra vêm se mantendo neste patamar, a ideia de produtores é bem superior, de R$ 70,00 por saca de 60 Kg. A comercialização antecipada de milho 2ª safra na região também perdeu ritmo, com indicações ao redor de R$ 60,00 por saca de 60 Kg CIF, com embarque e pagamento em julho. Em virtude da logística, os compradores têm dado preferência para negócios em que o produtor entregue o produto (CIF). No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, os compradores oferecem R$ 86,00 a R$ 88,00 por saca de 60 Kg para retirada em março e pagamento 30 dias após o embarque. Há consumidores do Estado comprando trigo para usar em ração. As granjas e indústrias, contudo, estão fora das compras, devendo retomar aquisições a partir do início de março. O motivo é que ainda estão abastecidas com milho da safra de inverno de outros Estados. As indústrias se abasteceram com milho do Centro-Oeste quando o produtor gaúcho pedia R$ 100,00 por saca de 60 Kg.

Como é época de colheita da safra de verão no Rio Grande do Sul, os compradores também pressionam as cotações, sabendo da necessidade de parte dos vendedores de negociar à medida que vão colhendo por restrição de espaços. Ainda há 10% de milho da safra 2021/2022 para ser comercializado. Além disso, as indústrias recebem volumes contratados anteriormente ou referentes a trocas. Do lado dos vendedores, contudo, a percepção é de que, com a quebra da safra de verão gaúcha, vai faltar grão mais adiante em virtude do forte consumo de milho dentro do Estado. Os produtores gaúchos, com a quebra de safra, devem segurar o que dá e fazer caixa com trigo. A pedida de venda neste momento está em R$ 95,00 por saca de 60 Kg FOB. Para exportação, as indicações de compra estão entre R$ 91,00 e R$ 92,00 por saca de 60 Kg no Porto de Rio Grande para entrega em fevereiro e pagamento em março. Contudo, em virtude de fretes de R$ 7,00 a até R$ 9,00 por saca de 60 Kg para levar o milho até Rio Grande, o preço indicado pelo mercado interno no interior do Estado ainda seria mais atrativo.

Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.