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25/Sep/2023

Tendência de preços mais sustentados para o milho

A tendência é de preços mais sustentados para o milho no mercado interno até o final dessa entressafra. O bom ritmo de exportações do grão pelo Brasil, a alta do dólar e o escoamento dos estoques da 2ª safra devem possibilitar uma recuperação gradual dos preços no mercado interno. A colheita da 2ª safra de 2023 e a semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024) têm avançado na maior parte das regiões brasileiras. No entanto, a comercialização de milho se mantém lenta, com compradores priorizando a utilização dos estoques negociados antecipadamente. Quanto aos preços, apresentam comportamentos opostos entre as regiões. Enquanto nas regiões produtoras de 2ª safra e nas que possuem estoques elevados os preços do milho caem, nas regiões consumidoras e/ou que têm apenas plantio na safra de verão (1ª safra), os valores sobem. Ressalta-se que o baixo ritmo de comercialização e a capacidade de armazenagem inferior à produção nacional desta temporada têm preocupado vendedores.

O que acaba amenizando esse cenário é o bom desempenho das exportações brasileiras. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) tem média de R$ 54,43 por saca de 60 Kg, alta de 0,8% nos últimos sete dias. A sustentação vem do avanço dos preços nos portos, sobretudo no Porto de Santos (SP). Na região oeste do Paraná, em Dourados (MS) e em Rio Verde (GO), regiões produtoras da 2ª safra, nos últimos sete dias, os preços registram recuo de 1%, 2,6% e 0,5%, respectivamente, no mercado de lotes (negociação entre empresas). No Rio Grande do Sul, nas regiões de Passo Fundo e Santa Rosa, importantes produtoras da safra de verão (1ª safra) e que têm enfrentado dificuldades com as chuvas, as cotações apresentam avanço nesse mesmo período, 3% e 0,2%, respectivamente. Com isso, nos últimos sete dias, os preços do cereal acumulam baixa de 0,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentou a primeira estimativa para a temporada 2023/2024, indicando redução de 9% na produção nacional do cereal, com a soma das três safras chegando a 119,84 milhões de toneladas. A queda na produção é esperada nas três safras, devido às estimativas de diminuição de 4,8% na área semeada e de 4,6% na produtividade. A demanda deve seguir aquecida, chegando a 84,6 milhões de toneladas, 6% maior que em 2022/2023, com destaque para o aumento do consumo para produção de etanol (+37,2%) e por parte do setor pecuário (+2,7%). As exportações devem recuar, com os embarques estimados em 38 milhões de toneladas, 27% inferiores aos previstos para 2022/2023. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros 10 úteis de setembro, os embarques de milho já são 38% superiores aos de setembro/2022, somando 4,22 milhões de toneladas.

Caso esse atual ritmo seja mantido até o encerramento do mês, os embarques podem chegar a 8,44 milhões de toneladas, superando as 6,42 milhões de 2022. A colheita da 2ª safra de 2023 está concentrada em apenas quatro Estados: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, segundo os dados divulgados pela Conab no dia 18 de setembro. Restam apenas 4,3% da nacional para ser colhida. Especificamente para o Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicou que a colheita havia chegado, até o dia 18 de setembro, a 96% da área estadual, avanço semanal de 7%, mas atraso anual de 3%. Em Mato Grosso do Sul, até o dia 15 de setembro, a colheita havia alcançado 87,6% da área estadual, de acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul). Em São Paulo e Minas Gerais, esses percentuais são de 75% e de 98%, respectivamente, segundo a Conab. Em relação à safra 2023/2024, a semeadura avança nos Estados da Região Sul do País, e a Conab indica que 15% da área nacional foi semeada, contra 12,8% no mesmo período de 2022.

No Paraná, 58% da área estimada já havia sido semeada até o dia 18 de setembro, segundo dados do Deral/Seab, prevalecendo as lavouras em boas condições (96%). No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS, apesar dos elevados volumes de precipitações, os produtores avançam com os trabalhos de campo. Estima-se que 50% do total previsto já tenha sido semeado, ritmo superior ao da temporada passada, quando 45% da área total havia sido cultivada. Na Bolsa de Chicago, os contratos seguem pressionados pelo avanço da colheita do milho norte-americano e pela concorrência com o mercado brasileiro nas exportações. Os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 apresentam desvalorização de 1%, ambos, a US$ 4,75 por bushel e a US$ 4,90 por bushel. Em relatório de acompanhamento de safra divulgado no dia 18 de setembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou que 9% da área de milho havia sido colhida e outros 54% estavam maduros. Na Argentina, segundo os dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires divulgados no dia 21 de setembro, a semeadura da temporada 2023/2024 chegou a 5% da área nacional. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.