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30/Oct/2023

Tendência de preços sustentados do milho no Brasil

A tendência é de preços sustentados para o milho com a entressafra no Brasil e o forte avanço das exportações em 2023. No médio e longo prazo, o mercado de milho deverá começara a precificação das reduções de áreas nas 1ª e 2ª safras do Brasil, além do risco climático para a 2ª safra de 2024. No curto prazo, os preços do milho estão em baixa nos portos brasileiros, pressionados pelas desvalorizações externa e do dólar. No Porto de Paranaguá (PR) e no Porto de Santos (SP), nos últimos sete dias, os preços médios registram recuo de, respectivamente, 0,4% e 2,4%. A liquidez atual nos portos está menor que a do início deste mês, mas os preços ainda operam acima dos registrados no mercado interno, o que mantém firme o interesse de parte de produtores em realizar negócios apenas para exportação. Como resultado das negociações realizadas em semanas anteriores, o ritmo de embarques atual está intenso.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 14 dias úteis de outubro, o Brasil exportou 5,89 milhões de toneladas de milho, o que já representa 87% do total embarcado no mesmo mês de 2022, de 6,78 milhões. Caso o atual ritmo diário, de 420 mil toneladas, se mantenha até o final de outubro, o volume total a ser escoado pelo Brasil pode somar 8,84 milhões de toneladas, acima da estimativa da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec), de 8,2 milhões de toneladas. No interior do País, os valores estão mais estáveis, já que os produtores estão voltados às atividades de campo e cautelosos em novos negócios. Além disso, muitos produtores estão preocupados com o clima. O excesso de chuvas na Região Sul do País e a o clima quente na Região Centro-Oeste podem impactar o desenvolvimento das safras. Os compradores, por sua vez, ainda possuem estoques para o curto prazo, mas alguns já começam a ter interesse em novos lotes, o que dá certo suporte aos preços internos.

Com isso, nos últimos sete dias, os preços do milho no mercado de lotes (negociações entre empresas) registram alta de 0,5%, mas apresentam queda de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), registra avanço de 0,5% nos últimos sete dias, indo para R$ 58,81 por saca de 60 Kg. Na B3, no mesmo período, influenciados pelas desvalorizações do dólar e da moeda norte-americana, os contratos Novembro/2023 e Janeiro/2024 têm recuo de 3% e 4%, respectivamente, a R$ 59,40 por saca de 60 Kg e a R$ 62,45 por saca de 60 Kg. O clima vem preocupando agentes quanto à semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024). No Rio Grande do Sul, o excesso de chuvas impede a realização de partes dos tratos culturais, enquanto em Mato Grosso a baixa umidade paralisou a semeadura de soja e pode, consequentemente, reduzir a janela considerada ideal para o cereal em 2024.

A semeadura avançou 2,6% de 15 a 21 outubro, chegando à média nacional de 33%, com progressos mais representativos na Região Sul do País, onde mais de 75% já foi implantado. No Paraná, a área semeada até o dia 23 de outubro é estimada em 91%, com avanço de apenas 2% em relação à semana anterior. Quanto às fases, 5% estão em germinação e 95%, em desenvolvimento vegetativo. A estimativa de produção para a safra de verão (1ª safra 2023/2024) no Estados foi mantida 3,12 milhões de toneladas, queda de 18% em relação a 2022/2023. Em Santa Catarina, as chuvas têm atrasado a semeadura, que avançou apenas 1% e, até o dia 21 de outubro, atingiu 77% da área estadual. No Rio Grande do Sul, a semeadura soma 75% da área projetada, progresso semanal de 5%.

Nos Estados Unidos, os vencimentos futuros do cereal registram forte recuo, pressionados pela melhora do clima na América do Sul, sobretudo na Argentina, que registrou boa cobertura de chuvas durante os últimos dias. Além disso, pesam sobre os contratos a ampla oferta brasileira para exportação e o avanço da colheita nos Estados Unidos. Assim, os contratos Dezembro/2023 e Março/2024 acumulam fortes baixas de 5% e 4,6% nos últimos sete dias, passando para US$ 4,79 por bushel e US$ 4,93 por bushel. Quanto aos trabalhos de campo, até o dia 22 de outubro, 59% da produção foi colhida nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), progresso semanal de 14%s, mas com o mesmo percentual do ano anterior. Na Argentina, os trabalhos de campo seguem atrasados, apesar do retorno das chuvas, e, até o dia 26 de outubro, 22% da área 2023/2024 havia sido semeada, avanço semanal de 2,1%, mas atraso de 9% em relação à média das últimas cinco temporadas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.