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08/Jan/2024

Tendência altista para os preços do milho no Brasil

A tendência é altista para os preços do milho no mercado interno. A área de plantio da 1ª safra 2023/2024 recuou 10%, com migração de lavouras para a soja. Na 2ª safra, a projeção atual é de redução de 5% na área a ser plantada, em reação aos baixos preços na tomada de decisão de plantio. Os atrasos no plantio de soja e a redução do uso de insumos também afetarão o potencial produtivo da 2ª safra. Vale destacar que o El Niño forte de 2015/2016 reduziu a produtividade média da 2ª safra de milho para 63,7 sacas/hectare na região Centro-Oeste, ante a média normal de 110 sacas/hectare. Com isso, os excedentes de milho serão menores em 2024 e a disputa entre exportação e consumo interno deverá dar sustentação aos preços. Os preços domésticos do milho tendem a não acompanhar o desempenho externo do grão. O mercado brasileiro de milho deverá ter preços internos com prêmio em relação à paridade de exportação, descolando-se do mercado internacional.

A negociação de milho no mercado spot continua estagnada, com agentes retornando aos poucos do recesso de fim de ano. Além de poucos compradores e vendedores ativos, a queda de braço em relação a preço inibe eventuais acordos. O comércio fica mais fraco quando se fala em produto futuro, com a indefinição da 2ª safra em virtude de atrasos no plantio da soja. O clima desfavorável à safra de verão de milho (1ª safra 2023/2024) pode atrasar a semeadura da segunda temporada, que, vale lembrar, atualmente é responsável por 3/4 da oferta nacional do cereal. Quanto aos preços, os patamares deste começo de 2024 estão bem abaixo dos verificados há um ano, contexto que reduz as margens e que, somado às incertezas quanto aos impactos do El Niño sobre a produtividade, diminui o interesse de agricultores pela semeadura de milho – parte dos produtores já sinaliza que não deve aumentar a área. Na B3, os valores futuros apontam patamares maiores no segundo semestre.

Enquanto a perspectiva é de menor produção, o consumo doméstico pode crescer, sobretudo por parte dos setores de proteína animal e da pujante indústria de etanol de milho no Brasil. Um possível equilíbrio entre oferta e demanda deve vir com recuo nas exportações – as vendas externas podem ser limitadas pelo menor excedente doméstico. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima redução de 7,5% da oferta de verão 2023/2024 frente à temporada anterior, projetada em 25,31 milhões de toneladas, e também queda de 9,2% na área. Inclusive, esta é a menor área semeada com milho verão de toda a série histórica da Conab, iniciada na safra 1976/1977. Até o dia 30 de dezembro, a semeadura no Brasil somava 80,4% da área, contra 87,3% no mesmo período do ano anterior. Já a colheita totalizava 0,9%, ante 0,2%. Somando a produção do milho de verão 2023/2024 ao estoque de passagem, estimado pela Conab em 6,348 milhões de toneladas ao final de janeiro/2024, tem-se um suprimento de 31,6 milhões de toneladas para o primeiro semestre.

Este volume é equivalente a 37% do consumo doméstico no ano, cenário que já tem gerado certa preocupação entre agentes. Assim, as atenções se voltam à segunda safra. A Conab já aponta reduções na área, na produtividade e na produção. Em dezembro, a área para a segunda safra 2023/2024 era estimada em 16,41 milhões de hectares em nível nacional, 4,5% menor que a 2022/2023. A produtividade e a produção estão estimadas para serem 6,7% e 10,9% menores que as da temporada anterior, em 5.557 t/ha e em 91,23 milhões de toneladas, respectivamente. Para terceira safra, a produção é apontada em 1,98 milhão de toneladas, 10% inferior à de 2022/2023. O Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) também estima queda na produção de Mato Grosso na safra 2023/24, de 16,7%, para 43,75 milhões de toneladas. No agregado, considerando-se os estoques iniciais, em fevereiro/2024, de 6,35 milhões de toneladas, a produção total de 118,52 milhões de toneladas e as importações de 2,1 milhões de toneladas, a disponibilidade interna será 126,97 milhões de toneladas na temporada 2023/2024.

Ao subtrair o consumo interno (84,46 milhões de toneladas), o excedente interno é de 42,5 milhões de toneladas, o menor desde 2020/2021, quando foi de 34,33 milhões de toneladas. Por enquanto, as exportações estão estimadas pela Conab em 38 milhões de toneladas entre fevereiro/2024 e janeiro/2025, o que, caso se concretize, resultaria em estoques de passagem, em janeiro/25, de 4,5 milhões de toneladas, menor que o da safra anterior e também que das estimativas divulgadas nos últimos meses. Já no cenário internacional, importantes países devem apresentar recuperação na produção, o que, por sua vez, pode limitar valorizações externas e reduzir o interesse de agricultores brasileiros em exportar o grão. Dados do USDA indicam aumento de 5,6% na produção global da temporada 2023/24, atualmente estimada em 1,22 bilhão de toneladas, com maiores colheitas na Argentina e nos Estados Unidos. Já as reduções mais representativas devem ocorrer no Brasil e na Índia.

O consumo pode crescer 3,3%, para 1,2 bilhão de toneladas. Dos 16 principais consumidores, retrações devem ser observadas apenas para Índia e Nigéria. Apesar do aumento mundial na demanda, a elevada produção faz com que a relação estoque/consumo fique em 26,1%, acima dos 25,7% da temporada anterior. Em termos de transações externas, o USDA espera melhora de 10,3%, em torno de 200 milhões de toneladas. Apesar da redução na oferta brasileira, é esperado que o Brasil lidere pelo segundo ano consecutivo as vendas internacionais, se consolidando como o maior fornecedor mundial do cereal. Em 2024, o USDA estima que o Brasil exporte 59 milhões de toneladas, e o segundo principal fornecedor, os Estados Unidos, 54 milhões. A produção da Argentina deve crescer na temporada 2023/24, o que pode trazer maior concorrência com as exportações brasileiras em 2024. Atualmente, o USDA estima aumento de 62% na produção da Argentina, para 55 milhões de toneladas, e as exportações, em 41 milhões de tonelada, avanço expressivo de 78%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.