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19/Jan/2024

Queda na demanda de fertilizantes na 2ª safra 2024

A perspectiva de área menor com milho no plantio de inverno 2023/2024 e os preços menos remuneradores do grão desde o ano passado vão reduzir o uso de fertilizantes nesta temporada. A tendência de redução de área na safrinha já se observava após a retração dos preços do cereal, mas se confirmou quando a semeadura da soja atrasou por causa das chuvas insuficientes na Região Centro-Oeste. Mesmo com cotações mais favoráveis nesta safra, os fertilizantes foram adquiridos com cautela, à medida que o cenário se desenhava para a cultura. A consultoria StoneX lembra que adubos têm peso significativo no custo de produção, então agricultores costumam avaliar com cuidado esse investimento. Caso venha uma quebra grande por um problema climático lá na frente, durante o desenvolvimento da safra que já está atrasada, é um investimento que será perdido. A aquisição antecipada de fertilizantes para aplicação no primeiro semestre de 2024 registrava o maior atraso dos últimos três anos.

Apenas 31% do volume de insumos para as culturas de inverno e algodão estava negociado, ante 41% em novembro do ano passado, 49% em 2021 e 48% em 2020. Agora, agricultores compram pontualmente, às vésperas do plantio. Compras em "cima da hora" não são um bom negócio para o agricultor, que, em geral, paga valores mais altos, além de enfrentar eventuais entraves logísticos, especialmente os do Centro-Oeste, mais distantes dos portos. A região já apresentava atraso mais significativo na aquisição antecipada de fertilizantes. Em novembro, 41% do total necessário havia sido adquirido, atraso de 11% ante novembro de 2022. A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) afirma que o produtor está se adequando ao clima e ao mercado. Não adianta investir “sonhando” com um preço, sendo que o mercado aponta outro completamente diferente. A maior parte dos produtores diminuiu o pacote tecnológico para o plantio da segunda safra do cereal. No caso das sementes, alguns compraram sementes mais baratas, enquanto outros pretendem guardar as que têm e plantar no próximo ano.

Teve também o que manteve o pacote tecnológico. Para esse, o custo hoje começa em 100 sacas de 60 Kg por hectare e precisará produzir 150 sacas de 60 Kg por hectare ou mais para ter rentabilidade. Se este não fosse um ano atípico, os produtores de milho seriam beneficiados por um quadro mais favorável na compra de fertilizantes. Considerado o complexo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), no ano passado os preços da ureia recuaram 35%, enquanto potássio e fósforo caíram, respectivamente, 40% e 14%. Nitrogenado é difícil cortar, mas fósforo, que é o que está mais caro, dá para usar o que sobrou no campo da safra anterior. Mato Grosso, principal produtor de milho do País, deve semear na 2ª safra do cereal de 2024 uma área 1,2 milhão de hectares menor, segundo a AgRural. A consultoria projeta lavoura de 15,578 milhões de hectares, 9,4% menor que a de 17,193 milhões de hectares da temporada passada. Como os preços caíram muito na 2ª safra de 2023, muitos produtores tiveram prejuízo. Depois dos problemas na safra de soja, a intenção de reduzir a área do cereal ganhou força.

Ainda assim, os analistas são cautelosos em suas projeções. Lembram que o resultado da 2ª safra de milho de 2024 depende da área efetivamente a ser semeada e do desenvolvimento, que ainda ocorrerá. Caso o clima se mostre mais favorável, a redução de área pode não ser tão grande. A produção vai depender do clima até julho, quando começa a colheita. Quando se reduz o pacote tecnológico diminui a produtividade, isso é quase inegável, mas tem um fator climático que é determinante e não há como controlar. A StoneX lembrou que a safra 2022/2023 teve tamanho recorde, mesmo com menor uso de insumos. Em 2022, a relação de troca (insumos por grãos) era horrorosa. As pessoas utilizaram cerca de 20% menos fertilizantes no plantio de grãos, em alguns casos 30% menos ante a safra anterior, e apesar disso teve aquela safra ultra recorde. O fósforo e o potássio permanecem no solo por um tempo após a aplicação e ainda podem ter efeito nas safras seguintes, o que já não acontece com o nitrogênio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.