22/Jan/2024
No mercado interno, os preços domésticos e externos do milho seguem em queda. No Brasil, a menor demanda e a flexibilidade de parte dos vendedores têm pressionado as cotações, enquanto, no mercado externo, as previsões de ampla oferta nos Estados Unidos, a melhora na produção na Argentina e previsões indicando chuvas em regiões produtoras brasileiras influenciam as desvalorizações. No mercado doméstico, o ritmo de negócios continua fraco. Os consumidores aguardam novas desvalorizações do cereal no curto prazo, fundamentados no avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024), que deve aumentar a disponibilidade do cereal sobretudo na Região Sul do País. Além disso, a colheita de soja ganhando ritmo tende a elevar a necessidade de liberação dos armazéns. Com isso, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) está em queda há sete dias consecutivos, voltando a operar nos patamares de dezembro e está cotado a R$ 64,09 por saca de 60 Kg, retração de 5,8% nos últimos sete dias.
No acumulado do mês, o Indicador acumula forte baixa de 7,4%. Nas regiões produtoras de safra de verão (1ª safra 2023/2024), como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, prevalece a pressão da oferta. Nos últimos sete dias, os preços registram queda de 4,3% em Chapecó (SC), de 6,9% em Campos Novos (SC), de 6,8% em Ijuí (RS) e de 6,4% no norte do Paraná. As quedas também são verificadas em regiões que estão com estoques remanescentes da 2ª safra de 2023. Para o mesmo período, em Dourados (MS), Rio Verde (GO) e Sorriso (MT), os preços têm baixa de 7,8%, 7,2% e 4,1%, respectivamente. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam recuo de 6,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 5,4% no mercado de lotes (negociações entre as empresas). Na B3, influenciados pelo mercado físico, os preços futuros estão recuando. Nos últimos sete dias, o contrato Março/2024 tem desvalorização de 6,2%, a R$ 66,72 por saca de 60 Kg. Os contratos Maio/2024 e Julho/2024 estão cotados a R$ 65,76 por saca de 60 Kg e a R$ 65,18 por saca de 60 Kg, respectivamente, com retrações de 4,85% e de 3,09%.
No mercado internacional, estimativas divulgadas no dia 12 de janeiro pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), indicam forte produção nos Estados Unidos, recuperação na Argentina e números elevados para o Brasil, estão influenciando as cotações, e os preços futuros estão nos menores patamares dos últimos meses. Na Bolsa de Chicago, o vencimento Março/2024 apresenta recuo de 3% nos últimos sete dias, a US$ 4,44 por bushel. Os contratos Maio/2024 e Julho/2024 apresentam desvalorização de 3%, indo para US$ 4,55 por bushel e US$ 4,63 por bushel, respectivamente. Os dados divulgados pelo USDA indicam que o aumento na produção nos Estados Unidos e na Argentina proporcionaram crescimento dos estoques mundiais na temporada 2023/2024. Os Estados Unidos e a Argentina devem produzir 389,69 milhões de toneladas e 55 milhões de toneladas, respetivamente, aumentos de 12% e de fortes 62% em comparação com a temporada 2022/2023.
Para o Brasil, o USDA estima queda de 7% na produção, totalizando 127 milhões de toneladas. A produção global também teve acréscimo de 6% em relação à temporada anterior, somando 1,23 bilhão de toneladas. Assim, os estoques finais devem avançar 8%, ficando em 325 milhões de toneladas. O ritmo de embarques brasileiros segue aquecido. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume embarcado soma 2,7 milhões de toneladas nos nove primeiros dias úteis de janeiro, já representando 44% de toda a quantidade exportada em janeiro/2023. A Associação Nacional de Exportadores de Cereais (Anec) estima que as exportações devem totalizar 3,94 milhões de toneladas em janeiro, cerca de 200 mil toneladas abaixo do apontado na semana passada. Atualmente, os embarques aquecidos refletem as negociações antecipadas, visto que parte dos compradores mostra interesse apenas em efetivações para o segundo semestre.
Quanto aos preços, as desvalorizações interna e externa e a baixa demanda no spot pressionam com força as cotações nos portos. A queda no preço no Porto de Paranaguá (PR) é de 14% nos últimos sete dias. No campo, ao mesmo tempo que a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) avança, a semeadura da 2ª safra de 2024 já teve início em partes do Paraná e de Mato Grosso. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para a safra de verão (1ª safra 2023/2024), a média nacional colhida até o dia 13 de janeiro é de 6,8%, sendo 2,6% de avanço em relação à semana anterior e ainda 3,5% acima da temporada 2022/2023, com progressos mais expressivos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), as chuvas intercaladas por dias de sol no Paraná permitiram o avanço da colheita, que chegou, até o dia 15 de janeiro, a 5% da área estadual, progresso semanal de 4%.
Quanto à 2ª safra de 2024, no Paraná, 4% da área havia sido semeada até o dia 15 de janeiro, acima do 1% registrado em 2023. Em Santa Catarina, com a colheita em 8% da área até o dia 13 de janeiro, os produtores têm indicado melhora nas condições das lavouras semeadas tardiamente, conforme indica a Conab. No Rio Grande do Sul, o menor volume de chuvas permitiu que produtores avançassem com os trabalhos de campo. Com isso, segundo a Emater-RS, a semeadura da safra de verão (1ª safra 2023/2024) chegou, até o dia 18 de janeiro, a 96% da área estadual, enquanto a colheita da mesma safra totaliza 21% da área cultivada. Para Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicou que a semeadura iniciou em 5 de janeiro e que, até o dia 12 de janeiro, totalizava 1,24% da área estadual, 0,82% acima do verificado no mesmo período de 2022/2023. Fonte: Cepea.