05/Feb/2024
Apesar do andamento da colheita da safra de verão de milho (1ª safra 2023/2024), o ritmo de negociações envolvendo o cereal não aumenta e os preços seguem em queda na maioria das regiões. Os compradores se mantêm retraídos, aguardando baixas mais expressivas nas cotações. Além disso, o recuo dos preços externos e da taxa de câmbio também pressiona os valores no Brasil, ao reduzir a paridade de exportação. Os produtores, por sua vez, estão concentrados nos trabalhos de campo. No acumulado de janeiro, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) caiu 9,9%. Especificamente nos últimos sete dias, a queda é de 1,3%, a R$ 61,45 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços apresentam baixa de 2,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,3% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os contratos Março/2024 e Maio/2024 apresentam recuo de 4,7% e 4% nos últimos sete dias, a R$ 64,13 por saca de 60 Kg e R$ 64,17 por saca de 60 Kg.
Na Região Sul do País, o avanço da colheita, que eleva a oferta do cereal, tem pressionado os valores. Na Região Sudeste, apesar de uma safra de verão (1ªsafra 2023/2024) menor, colheitas pontuais também aumentam o volume ofertado. Na Região Centro-Oeste, são os estoques remanescentes da safra 2022/2023 que permitem que os produtores aumentem a disponibilidade no spot. Para a 2ª safra de 2024, a redução na área e a expectativa de menor produção ainda deixam agentes atentos quanto à oferta, aos preços e à comercialização no segundo semestre. No campo, a colheita e a semeadura avançaram nos últimos dias no Brasil, apesar de chuvas pontuais e da concorrência com a colheita da soja neste período. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 27 de janeiro, a média nacional colhida da safra de verão (1ª safra 2023/2024) era de 10,4%, aumento de apenas 1,8% em sete dias.
No Rio Grande do Sul, de acordo com a Emater-RS, o clima quente e seco auxiliou no progresso da colheita, mas as lavouras ainda têm impactos de adversidades climáticas registradas durante o desenvolvimento, como espigas pequenas e pragas. Com relação ao cereal que está no campo, 16% estão em fase de germinação, 10%, em floração, 15%, em enchimento de grãos e 18%, em maturação. Cerca de 41% do cereal já foi colhido até o dia 31, avanço semanal de 16%. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Sab) indicam que já foram colhidos 19% da área semeada até o dia 29 de janeiro. Em Santa Catarina e em São Paulo, as chuvas reduziram o ritmo da colheita e, até o dia 27 de janeiro, os percentuais colhidos nessas regiões eram de 13% e 8%, respectivamente. Quanto à 2ª safra de 2024, com o avanço da colheita da soja, os produtores aumentam o ritmo da semeadura do milho. Até o dia 27 de janeiro, a Conab aponta que a atividade totalizava 10,3% da área nacional, avanços semanais de 5,3% e anual de 6,4%.
Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que, até o dia 26 de janeiro, 11,23% da área havia sido semeada em Mato Grosso, considerável avanço de 5,26% em relação à safra anterior. No estado de Mato Grosso do Sul, o atraso da colheita de soja tem preocupado agentes, pois o risco de problemas climáticos vai aumentando em algumas regiões. Porém, apesar das preocupações, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) indicou que os trabalhos chagaram a 4,1% da área até o dia 26 de janeiro. Em Goiás, a Conab indica que a semeadura atingiu 3% da área até o dia 27 de janeiro. No Paraná, a atividade chegou a 22% da área estadual até o dia 29 de janeiro, segundo o Deral/Seab. Na parcial de janeiro (considerando-se 19 dias úteis), o ritmo das exportações de milho diminuiu, cenário que já era aguardado por parte do mercado, em decorrência do aumento de oferta em outros países, como os EUA, e da prioridade nos embarques da soja brasileira. No período, foram exportadas 4,59 milhões de toneladas, ante 6,13 milhões em todo o mês de janeiro/2023.
Os futuros do milho recuaram na maior parte da semana passada, pressionados pela oferta volumosa dos Estados Unidos, combinada com a fraca demanda pelo grão norte-americano. As quedas só não foram mais intensas devido à redução nos estoques de etanol. O biocombustível é feito principalmente com milho nos Estados Unidos. Segundo a Administração de Informação de Energia do País, até 26 de janeiro, os estoques do biocombustível somavam 24,3 milhões de barris, abaixo dos 25 milhões aguardados por agentes. Na Bolsa de Chicago, o primeiro contrato (Março/2024) apresenta baixa de 1% nos últimos sete dias, indo para US$ 4,47 por bushel. O vencimento Maio/2024 registra recuo de 0,65% no mesmo período, a US$ 4,58 por bushel. Na Argentina, a semeadura se aproxima do fim. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 98,4% da área já havia sido semeada até o dia 1º de fevereiro e, devido ao clima quente e seco, 89,3% das lavouras apresentaram condição normal e/ou excelente, queda de 5,2% ante à semana anterior. Quanto à produção do cereal, a estimativa é de 56,5 milhões de toneladas. Fonte: Cepea.