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19/Feb/2024

Tendência altista para os preços do milho no Brasil

A tendência é altista para os preços no mercado interno, com redução de 12% da área na 1ª safra 2023/2024 e de 6% na área da 2ª safra 2023/2024. A queda da área na 2ª safra poderá ser maior. Com o rápido avanço da colheita de soja, vão melhorando as condições para implantação das lavouras de 2ª safra de milho dentro da janela considerada ideal. Entretanto, apesar de menor, o risco climático sobre a 2ª safra de milho não está descartado. Com o consumo interno estimada em 84,1 milhões de toneladas e um potencial de exportação de 53,7 milhões de toneladas, a demanda potencial é de 137,8 milhões de toneladas na safra atual, muito acima da oferta estimada em 115,8 milhões de toneladas. Com isso, haverá disputa entre os consumidores internos de rações/etanol e tradings, o que deverá levar os preços internos para patamares acima da paridade de exportação. O recesso de Carnaval na semana passada deixou a comercialização envolvendo milho ainda mais lenta no mercado spot nacional. Enquanto os consumidores seguem utilizando estoques, os produtores avançam com os trabalhos de campo.

Os preços domésticos estão estáveis, mesmo diante da queda externa. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) vem operando na casa dos R$ 62,00 por saca de 60 Kg desde o início do mês. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra leve queda de 0,9%, cotado a R$ 62,12 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, observa-se queda de 1% no mercado de lotes (negociação entre empresas), mas alta de 1,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor). Na B3, os vencimentos Março/2024 e Maio/2024 apresentam recuo de 1% e 0,43%, no mesmo período, a R$ 64,59 por saca de 60 Kg e a R$ 64,78 por saca de 60 Kg, respectivamente. Os agentes se atentam ao avanço da colheita de soja e à consequente redução na oferta de transporte, o que, por sua vez, tem elevado os fretes para o milho. Caso esse cenário se intensifique, os preços do cereal podem ter reajustes positivos nas próximas semanas.

No mercado internacional, os recuos ao longo da semana passada estiveram atrelados a perspectivas favoráveis quanto à 2ª safra brasileira de milho de 2024, apesar da redução na produção, o atual clima pode auxiliar no desenvolvimento das lavouras, e à atual maior disponibilidade nos Estados Unidos na temporada 2023/2024, prevista pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em 389 milhões de toneladas. O USDA indicou que, para 2024/2025, a colheita deve somar 382 milhões de toneladas, 2% inferior à anterior, mas ainda ampla. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2024 acumula baixa de 3,6% nos últimos sete dias, a US$ 4,17 por bushel. O vencimento Maio/2024 tem queda de 3,4% no período, a US$ 4,29 por bushel. Apesar da queda externa e da desvalorização do dólar entre os dias 8 e 15 de fevereiro, cenário que reduz a paridade de exportação, os embarques brasileiros estão aquecidos, já que refletem as negociações realizadas antecipadamente. Atualmente, as efetivações no spot estão praticamente nominais nos portos, com preços se mantendo nos patamares de R$ 60,00 por saca de 60 Kg.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que as exportações brasileiras de milho totalizaram 1,01 milhão de toneladas nos primeiros sete dias úteis de fevereiro. Esse volume já representa 44,5% de todo o embarcado em fevereiro/2023. Caso o atual ritmo se mantenha, o Brasil pode escoar 3,05 milhões de toneladas neste mês. No campo brasileiro, voltou a chover na maior parte das regiões produtoras brasileiras, o que, neste momento, atrapalha a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024), mas favorece o desenvolvimento da 2ª safra de 2024, cuja semeadura segue avançando. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 10 de fevereiro, 18,6% da área de safra de verão (1ª safra 2023/2034) foi colhida, progresso semanal de 4,8%. Nos Estados da Região Sul, onde se concentra a produção da safra de verão (1ª safra), a produtividade vem sendo reduzida à medida que a colheita segue, o que se deve às adversidades climáticas durante a temporada. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indica que 58% da área estadual foi colhida, avanço de apenas 6% em relação à semana anterior, mas acima dos 46% verificados no mesmo período de 2023.

No Paraná e em Santa Catarina, até o dia 10 de fevereiro, a colheita somava 36% e 28% das respectivas áreas estaduais. Para a 2ª safra de 2024, os produtores de alguns Estados da Região Centro-Oeste ainda se preocupam com a semeadura, que pode ter atrasos pontuais. Em Mato Grosso, dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que 42,14% da área estadual havia sido semeada até o dia 8 de fevereiro, avanço semanal de 13,49%. Em Mato Grosso do Sul, a área semeada, até o dia 9 de fevereiro, chegou em 17,2%, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), e, apesar do avanço de 13,2% ante o ano anterior, o recente atraso na colheita de soja pode elevar o risco climático neste Estado. No Paraná e em Goiás, a Conab indicou que 32% e 15% das respectivas áreas haviam sido semeadas até o dia 10 de fevereiro. A média nacional da semeadura da 2ª safra de 2024 é de 31,5%, de acordo com dados da Conab do dia 10 de fevereiro, avanço semanal de 11,7% e 11% acima da temporada anterior. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a semeadura dos 7,2 milhões de hectares foi finalizada na semana passada, e as recentes chuvas têm auxiliado no desenvolvimento das lavouras que foram implantadas tardiamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.