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29/Apr/2024

Tendência baixista para o milho no mercado interno

A retração de muitos compradores, o avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) e o bom desenvolvimento da 2ª safra de 2024 em boa parte das regiões têm mantido os preços do milho em queda no Brasil. Em algumas regiões, os valores atuais do cereal já são os menores desde outubro de 2023. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) tem baixa de 2,2% nos últimos sete dias, a R$ 58,01 por saca de 60 Kg, o menor valor desde 3 de outubro de 2023, quando o Indicador fechou a R$ 57,81 por saca de 60 Kg. No acumulado deste mês, o recuo é de 6,1%. Os consumidores relatam ter estoques e realizam novas aquisições no spot apenas quando têm necessidade. Do lado vendedor, enquanto boa parte se mostra mais flexível nas negociações, devido à necessidade de fazer caixa, outros estão afastados do mercado, à espera de recuperações nos próximos meses, fundamentados nas recentes valorizações do dólar, contexto que pode elevar a paridade de exportação, e na possibilidade de uma 2ª safra de 2024 não tão volumosa.

De fato, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta área 8% menor e produção de 85,61 milhões de toneladas, 16% inferior à da temporada 2023/2024. Nos últimos sete dias, os preços estão sustentados no mercado de balcão (preço pago ao produtor), com leve alta de 0,4%, mas registram queda de 1,3% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Na B3, a manutenção do dólar em R$ 5,00 e preocupações com a possível queda na produção da 2ª safra de 2024 dão suporte aos valores dos contratos futuros. O vencimento Maio/2024 tem avanço de 0,16% e o Julho/2024 de 0,49% nos últimos sete dias, a R$ 57,9 por saca de 60 Kg e R$ 57,91 por saca de 60 Kg, respectivamente. As negociações para o mercado internacional seguem nominais, já que a prioridade tem sido o embarque de soja. Além disso, os preços nos portos brasileiros não são considerados atrativos por produtores, que preferem negociar no spot nacional. Atualmente, a média de preços no Porto de Paranaguá (PR) está apenas R$ 0,83 por saca de 60 Kg acima da média registrada da região de Campinas (SP), compradora líquida.

Em abril de 2023, a média no porto estava R$ 2,61 por saca de 60 Kg acima da registrada em Campinas. Com isso, os embarques, em 15 dias úteis, foram de apenas 34 mil toneladas, bem abaixo das 470 mil toneladas registradas em abril/2023. Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), as exportações de milho devem somar apenas 81,7 mil toneladas neste mês. Diante do bom desenvolvimento das lavouras, agentes indicam que a colheita da 2ª safra de 2024 pode ser iniciada já em maio em algumas regiões de Mato Grosso. Ressalta-se que o período de colheita deve ser maior neste ano, em linha com o cultivo. A Conab indicou que a semeadura da 2ª safra de 2024 foi finalizada em todos os Estados produtores, com as chuvas favorecendo as lavouras. Quanto à safra de verão (1ª safra 2023/2024), a Conab indicou que, até o dia 21 de abril, a colheita chegou a 56,7% da área nacional, avanço semanal de 3,8%, mas atraso de 2,9% em relação à temporada anterior. O menor ritmo de colheita se deve ao clima chuvoso, que limitou os trabalhos de campo no Rio Grande do Sul, Paraná e em parte de Santa Catarina.

No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), foram colhidas 97% da área total até o dia 22 de abril, leve aumento de 1% em relação ao dado divulgado no dia 15 de abril. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, além das chuvas, os produtores estão dando preferência à colheita da soja. Assim, houve avanço de 4% nas atividades com o cereal frente aos dados do dia 18 de abril, com a área estadual colhida atingindo 82% no dia 25 de abril. Em Santa Catarina, a colheita passou de 87% no dia 15 de abril para 90% em 21 de abril, segundo a Conab. Nos Estados Unidos, os preços futuros estão avançando, com suporte vindo da valorização do trigo e de preocupações relacionadas às possíveis necessidades de replantio e de menor oferta na Argentina, devido ao ataque de pragas. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2024 registra alta de 3,34%; e o Julho/2024, 3,61% nos últimos sete dias, a US$ 4,41por bushel e a US$ 4,52 por bushel, respectivamente.

Nos Estados Unidos, a semeadura de milho segue no mesmo ritmo do ano anterior. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 12% da área nacional havia sido semeada, mesmo percentual do ano passado e ainda acima da média dos últimos cinco anos, de 10%. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que a colheita alcançou 19,8%, mas que o cereal semeado tardiamente vem sendo castigado pelo aumento da incidência da cigarrinha-do-milho. Além disso, parte das lavouras passou por estresse térmico e hídrico durante um período crítico do desenvolvimento. No entanto, até momento, a expectativa é de que a produção some 49,5 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.