29/Jul/2024
As recentes elevações dos preços internacionais e da moeda norte-americana impulsionam os preços domésticos do milho. Apesar de a colheita seguir em ritmo acelerado em relação ao ano anterior, os produtores voltaram a se retrair, na expectativa de valorizações ainda mais significativas e de que novas altas sejam repassadas ao mercado interno. No front externo, os aumentos estão atrelados à expectativa de demanda internacional aquecida e à preocupação com a previsão de clima quente e seco nas regiões produtoras do cereal nos Estados Unidos, o que pode afetar o desenvolvimento das plantas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já indicou que as lavouras em boas condições tiveram leve queda. Neste contexto, os produtores brasileiros estão focados nas atividades de campo, em detrimento das negociações.
No entanto, o ritmo acelerado da colheita e a oferta elevada no Brasil limitam valorizações mais expressivas e fazem com que uma parcela dos produtores precise realizar negócios em patamares inferiores. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) apresenta forte avanço de 3%, indo a R$ 58,91 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as altas são de 1,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, impulsionados pelos avanços do dólar e dos preços internacionais, os contratos futuros estão em alta. Nos últimos sete dias, os vencimentos Setembro/2024 e Novembro/2024 apresentam avanços consideráveis de 5,29% e 4,45%, passando para R$ 61,34 por saca de 60 Kg e R$ 65,00 por saca de 60 Kg, respectivamente. Na Bolsa de Chicago, nos últimos sete dias, o contrato Setembro/2024 tem alta de 3,77%, passando para US$ 4,06 por bushel.
O vencimento Dezembro/2024 registra avanço de 3,9% no mesmo comparativo, indo para US$ 4,20 por bushel. No corredor da exportação, apesar da melhora registrada na última semana, a demanda internacional pelo produto brasileiro ainda enfraquecida tem mantido o ritmo de embarques inferior ao da temporada anterior. Na parcial de julho (considerando-se 15 dias úteis), o Brasil exportou 1,58 milhão de toneladas, volume que representa apenas 37% do total embarcado em todo o mês de julho de 2023. Para a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a previsão de embarques para este mês é de 4,56 milhões de toneladas. Quanto aos preços, influenciados pelas altas internacionais e do dólar, nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), têm alta de 3,1% e 6,1% nos últimos sete dias, com médias de R$ 60,04 por saca de 60 Kg e R$ 64,20 por saca de 60 Kg, na mesma ordem.
No campo, a colheita da 2ª safra de 2024 segue avançando, com os trabalhos mais adiantados em relação à temporada anterior. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 21 de julho, 79,6% da safra já foi colhida, avanço semanal de 5,4% e alta de fortes 31% em relação ao ano anterior. A produtividade das lavouras foi afetada pela seca em alguns Estados, como São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em Mato Grosso, as boas condições climáticas que proporcionaram o adiantamento da semeadura e o bom desenvolvimento das lavouras também permitiram o rápido avanço da colheita, estando 10% acima da média dos últimos cinco anos, a 96,62% da área colhida até o dia 19 de julho. Em Mato Grosso do Sul, a colheita chegou a 49,6% da área até 19 de julho, segundo a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Quanto ao Paraná, 76% da área de milho 2ª safra de 2024 já havia sido colhida.
Das lavouras ainda por colher, 22% estavam em condições ruins, 36%, em situação média e 42%, em boas condições. Quanto às fases de desenvolvimento, 2% estavam em frutificação e 98%, em maturação. Para safra de verão (1ª safra 2024/2025), a Conab aponta que a colheita nacional chegou a 97,8% da área até o dia 21 de abril. Quanto às lavouras nos Estados Unidos, até o dia 21 de julho, as consideradas boas ou excelentes correspondiam a 67% do total, abaixo do verificado na semana anterior, de 68%, mas ainda superior aos 57% registrados no ano passado, conforme relatório do USDA. Na Argentina, segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita avançou 7,4% nos últimos sete dias e 18,2% na comparação anual, totalizando 86,6% da área até o dia 25 de julho. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.