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02/Aug/2024

Preços do milho podem cair com colheita da 2ª safra

A entrada no mercado da 2ª safra de milho de 2024, em fase final de colheita, deve acelerar a comercialização do cereal, hoje ainda pontual em algumas regiões. Os preços do grão, porém, dependerão da necessidade de o produtor abrir espaço nos armazéns e de quitar dívidas, o que determinará a oferta. Mesmo com a perspectiva de menor colheita interna nesta 2ª safra de 2024, a exportação de milho será menor neste ano em que concorrentes do Brasil, como os Estados Unidos e a Argentina, estão ofertando mais. Os embarques do produto brasileiro até junho mostram recuo. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou até junho 8,348 milhões de toneladas de milho, 28,2% menos do que os 11,630 milhões de toneladas do primeiro semestre de 2023. Em receita, a queda foi maior, de 43,95%, com US$ 1,876 bilhão ante US$ 3,347 bilhões no ano passado.

Segundo a consultoria StoneX, o Brasil não vai exportar como no ano passado porque não terá a mesma quantidade de milho. Também tem a questão dos Estados Unidos, que no ano passado colheu uma safra recorde e tem milho disponível para exportar, assim como a Argentina. Em Mato Grosso, que lidera a produção de 2ª safra, este cenário segura a comercialização. No Estado, 45,4% da safra 2023/2024 estava vendida na semana passada, abaixo dos 53,5% de igual período de 2022/2023. A média dos últimos cinco anos para o período é de 72,2%, conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). No segundo maior produtor de milho 2ª safra, o Paraná, beneficiado pela proximidade dos portos e dos grandes consumidores de ração do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, as vendas do cereal estão aceleradas. No Estado, 24% da produção da 2ª safra de milho de 2024 está vendida, ante 8% no mesmo período da safra 2022/2023.

Para o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), um dos principais motivos são os preços mais remuneradores: de cerca de R$ 47,00 por saca de 60 Kg, ante R$ 46,00 por saca de 60 Kg ano passado. O que segura esta alta é basicamente a alta do dólar que ocorreu recentemente e possível prêmio pela redução da safra do Paraná e nacional. Segundo o Deral/Seab, o Paraná deve ter uma 2ª safra de 2024 9% menor do que em 2022/2023, com produção projetada em 12,964 milhões de toneladas, redução de 15% ante o previsto no início da safra. Mato Grosso deve colher 47,3 milhões de toneladas, baixa de 9,9% em relação a 2022/2023, resultado da queda da área semeada, devido aos preços mais baixos na época da semeadura. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a colheita da 2ª safra de milho de 2024 no País estava em 86% da área total semeada, 29% à frente da temporada passada.

Mato Grosso estava em 98,7% da área colhida, 10% à frente do ano passado. A Conab estima que o Brasil vá produzir 115,86 milhões de toneladas de milho em 2023/2024, 12,2% a menos do que em 2022/2023, sendo 90 milhões de toneladas da 2ª safra de 2024, 12,1% abaixo de 2022/2023. O Imea lembra da antecipação do plantio em Mato Grosso. Teve o problema climático e o adiantamento na safra de soja, que encurtaram o ciclo. Pela redução de produtividade e por essa abertura de espaço que se liberou mais cedo, o produtor conseguiu semear o milho mais rápido. A StoneX destacou o cenário mais favorável para o milho em 2023. Ano passado foi um ponto fora da curva de produtividade. As chuvas se prolongaram até junho, favoreceram o desenvolvimento do cereal. Em relação às exportações de milho, o Imea afirma que costumam se concentrar no segundo semestre, resultado da colheita da 2ª safra de 2024 e de mais espaço nos portos.

A expectativa de exportação em Mato Grosso é de 27,31 milhões toneladas, baixa de 9,29% ante 2022/2023. No primeiro semestre de 2023, o Paraná havia embarcado para o exterior 1,6 milhão de toneladas do cereal, com receita de US$ 460 milhões, enquanto neste ano foram 682 mil toneladas e US$ 150 milhões. Se o dólar seguir valorizado pode ser até que a exportação aumente. Quanto aos preços do milho em Mato Grosso, dependerão também da demanda de Estados vizinhos. Hoje, consumidores da Região Sul têm se abastecido em Mato Grosso, atraídos pelas cotações mais baixas. Esse movimento é normal, mas depende de a conta fechar, do valor do frete. Destaque também para a participação cada vez mais expressiva da demanda de milho para a indústria de etanol. Sem as usinas, o cenário seria bem pior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.