12/Aug/2024
Após registrarem altas nas últimas semanas, os preços do milho estão pressionados em partes das regiões. As quedas domésticas estão atreladas à retração de consumidores, atentos aos fundamentos internos e externos, principalmente de oferta elevada. No Brasil, a colheita da 2ª safra de 2024 caminha para reta final, enquanto nos Estados Unidos é a proximidade dos trabalhos de campo que pressiona os contratos negociados na Bolsa de Chicago. Vale lembrar que a queda dos preços futuros e a desvalorização da moeda norte-americana na semana passada também reduziram a paridade de exportação, limitando os negócios nos portos. Do lado dos vendedores, parte deles já se mostra mais flexível nas negociações, seja para liberar os armazéns ou já para fazer caixa para a quitação das dívidas do final do mês. Outros, no entanto, apostam que, após a finalização da colheita brasileira, os preços recuperem parte das quedas registradas neste ano.
Em Campinas (SP), as cotações iniciaram a semana passada mais firmes, influenciadas pela retração de vendedores, mas passaram a cair, por conta da desvalorização externa, que levou compradores nacionais a exercerem pressão sobre as médias de negociação. Assim, o Indicador do milho ESALQ/BM&F (Campinas - SP) está cotado a R$ 59,02 por saca de 60 Kg, pequena baixa de 0,7% nos últimos sete dias. Na B3, nos últimos sete dias, os vencimentos Setembro/2024 e Novembro/2024 apresentam desvalorização de 0,84% e 1%, respectivamente, passando para R$ 60,06 por saca de 60 Kg e R$ 63,60 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os preços registram leve alta de 0,3% no mercado de balcão (valor pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). O suporte vem da retração de vendedores em algumas regiões, como Minas Gerais.
A demanda externa segue enfraquecida, e o ritmo de embarques nos portos apresenta recuo. Em julho, considerando-se os 23 dias úteis, foram exportadas 3,55 milhões de toneladas do cereal, contra 4,23 milhões de toneladas no mesmo mês de 2023, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A queda dos preços externos e do dólar pressionam os valores nos portos. Para o milho no mercado de lotes (negociações entre empresas) nos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP), os recuos são de 2,3% e 0,8% nos últimos sete dias, com as médias passando para R$ 60,64 por saca de 60 Kg e R$ 62,64 por saca de 60 Kg, respectivamente. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com 91,3% da área da 2ª safra de 2024 colhida até o dia 3 de agosto, os produtores da maior parte das regiões relatam produtividades inferiores às estimadas no início da temporada.
A exceção ocorre em Mato Grosso, onde os rendimentos estão acima dos esperados inicialmente. Conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a colheita chegou a 99,91% da área até o dia 5 de agosto, praticamente finalizada. Houve aumento de 0,45% na produtividade de julho para agosto, com a produção agora prevista em 47,5 milhões de toneladas, 0,5% acima da estimativa anterior, mas ainda 9,5% menor que a da safra 2022/2023. Em Mato Grosso do Sul, a colheita chegou a 77,9% da área até o dia 2 de agosto, segundo a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). Com o avanço das atividades, estima-se queda de 19% na produção em relação ao esperado inicialmente, mas esses dados devem ser reajustados em meados de setembro, com uma maior amostragem da temporada. Quanto ao Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) divulgados no dia 5 de agosto indicam que 92% da área de milho 2ª safra de 2024 já havia sido colhida.
Na Bolsa de Chicago, os contratos estão pressionados pelas condições favoráveis nos Estados Unidos, pela perspectiva de uma safra volumosa naquele país e pelo maior volume brasileira disponível para exportação. Com isso, nos últimos sete dias, o vencimento Setembro/2024 registra desvalorização de 0,7%, passando para US$ 3,79 por bushel. O contrato Dezembro/2024 tem recuo de 0,4%, para US$ 3,97 por bushel. Quanto às lavouras nos Estados Unidos, aquelas consideradas boas ou excelentes correspondiam por 67% do total, acima dos 57% registrados no mesmo período do ano passado, conforme relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita argentina alcançou 96,3% da área, avanço semanal de 4,3%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.