24/Jan/2025
Os preços do milho nos Estados Unidos parecem estar se recuperando antes da próxima temporada de plantio, depois de terem caído no ano passado para os níveis mais baixos desde a pandemia de Covid-19. No Meio Oeste do país, muitos produtores tiveram prejuízo com suas lavouras de milho em 2024, o que resultou em queda da renda agrícola, apesar de produção e produtividade quase recordes de milho e soja. Segundo estimativas publicadas por universidades e grupos comerciais, agricultores devem ter prejuízo novamente com o milho em 2025. No entanto, com a tendência de alta nos futuros do grão, os agricultores estão mais próximos de retornar à lucratividade. Segundo o Rabobank, há uma certa sustentação para os preços do milho. Os futuros de milho na Bolsa de Chicago subiram cerca de US$ 0,30 por bushel desde o início do mês, ou mais de 6%, de acordo com dados da FactSet. Entretanto, tarifas no governo de Donald Trump podem rapidamente desacelerar o ritmo das exportações.
O presidente norte-americano afirmou que pretende taxar em 10% os produtos chineses, caso o país não ajude em iniciativas como o fim da guerra Rússia-Ucrânia e o combate ao tráfico de fentanil nos Estados Unidos. Os preços do milho iniciaram a recuperação recente depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu sua estimativa de produção para 2024 em seu relatório de oferta e demanda de janeiro. Uma onda de calor no fim do ciclo de cultivo afetou a produção final, reduzindo o que seria uma colheita recorde. A expectativa é de que agricultores dos Estados Unidos plantem uma área semelhante de milho nesta primavera, na esperança de que a melhora da demanda externa aumente a rentabilidade. No acumulado do ano comercial 2024/2025 até 16 de janeiro, 19,2 milhões de toneladas de milho foram inspecionadas para embarque em portos norte-americanos, aumento de 30% ante igual período do ciclo anterior.
Donald Trump também ameaçou impor tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá em 1º de fevereiro. O México, maior comprador de milho dos Estados Unidos, adquiriu 22,6 milhões de toneladas na temporada 2023/2024. O Canadá, embora também seja um comprador importante, importou apenas uma fração disso, 1,1 milhão de toneladas. A China, embora compre mais soja do que milho dos Estados Unidos, adquiriu 2,8 milhões de toneladas de milho do país na última temporada. Analistas debatem se o ritmo acelerado de vendas de milho nas últimas semanas foi motivado por um consumo maior dos países importadores ou se foi um movimento para estocar o grão antes da posse de Donald Trump. Se importadores apenas anteciparam compras, os futuros podem devolver seus ganhos nas próximas semanas. As tarifas podem evidenciar uma dura realidade: talvez não haja fontes alternativas de milho suficientes para atender à demanda global.
De acordo com levantamento da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), as apostas na alta dos preços de milho na Bolsa de Chicago estão no maior nível desde maio de 2022. A posição líquida comprada desses agentes é de quase 300 mil contratos. A atenção agora está voltada para o clima no Brasil e na Argentina, que competem com os grãos dos Estados Unidos no mercado global. No Brasil, os agricultores estão plantando a 2ª safra de 2025, a maior safra de milho do País, normalmente entre janeiro e fevereiro. No entanto, algumas regiões brasileiras e argentinas receberam apenas uma fração do volume normal de chuvas no último mês. Segundo a StoneX, há pouca margem para perdas significativas devido ao clima na Argentina, à 2ª safra de 2025 do Brasil ou ao verão no Meio Oeste norte-americano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.