19/May/2025
Estimativas indicando produção de milho elevada no Brasil e no mundo mantêm pressionados os valores internos do cereal. No Brasil, as boas condições climáticas na maior parte das regiões produtoras de 2ª safra sustentam a expectativa de boa produtividade, enquanto nos Estados Unidos a semeadura em bom ritmo e o clima favorável também melhoram as perspectivas sobre a produção. Neste contexto, parte dos consumidores brasileiros prefere se afastar do mercado e aguardar novas desvalorizações para recompor os estoques. Os vendedores tentam negociar lotes remanescentes da safra 2023/2024 e da atual safra verão (1ª safra 2024/2025). O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra recuo de 3,8% nos últimos sete dias, cotado a R$ 73,07 por saca de 60 Kg. São 20 dias consecutivos de queda e o Indicador opera no menor patamar nominal desde janeiro.
Nos últimos sete dias, as desvalorizações são ainda maiores, com reduções acima de 4% nos mercados de balcão (preço pago ao produtor) e no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, a proximidade com a colheita da 2ª safra de 2025 e as perspectivas positivas quanto à produção pressionam os valores futuros. O contrato Maio/2025 registra desvalorização de 0,92% nos últimos sete dias, a R$ 73,25 por saca de 60 Kg. O vencimento Julho/25 tem recuo de fortes 3,49%, a R$ 62,47 por saca de 60 Kg. Dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 15 de maio evidenciam o quanto a melhora do clima em abril auxiliou as lavouras de milho da 2ª safra de 2025. A produção do cereal 2ª safra de 2025 agora é estimada em 99,8 milhões de toneladas, 10,8% acima da temporada passada e 2% maior que a apontada em abril. Quanto à produção de milho na safra de verão (1ª safra 2024/2025), é estimada em 24,68 milhões de toneladas, aumento de 7,5% sobre a da temporada passada. A 3ª safra de 2025 pode ter queda de 3,8%, totalizando apenas 2,38 milhões de toneladas.
No agregado, a produção nacional deve somar 126,87 milhões de toneladas, 9,9% acima da temporada passada. Do lado da demanda, a Conab também aumentou o volume a ser direcionado para o consumo interno, agora previsto em 89,3 milhões de toneladas, 5,3 milhões de toneladas acima do ano anterior. Além disso, com a demanda interna aquecida, a estimativa de exportação para o período de fevereiro/2025 a janeiro/2026 foi reduzida. As exportações devem totalizar 34 milhões de toneladas. Com isso, o estoque de passagem em 2026 é estimado em 7,12 milhões de toneladas, bem acima das 1,84 milhão de toneladas de 2023/2024. Em termos mundiais, o relatório de maio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou produção da safra 2025/2026 em 1,26 bilhão de toneladas e o consumo, em 1,27 bilhão de toneladas, respectivos aumentos de 4% e de 2% em relação à temporada 2024/2025.
Assim, os estoques finais, em 277,84 milhões de toneladas, devem ficar 3,3% inferiores aos de 2024/2025, o que, por sua vez, reduziu a relação estoque/consumo de 23,1% na safra 2024/2025 para 21,9% na safra 2025/2026. No Brasil, a colheita da safra de verão (1ª safra 2024/2025) já foi praticamente finalizada nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná e tem sido favorecida pelo clima seco nos outros Estados. Segundo a Conab, até o dia 10 de maio, as atividades somavam 77,6% da área nacional. Para 2ª safra de 2025, a Conab aponta que a maior parte das lavouras apresenta boas condições, com pontuais preocupações em relação à redução de chuvas nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná. A colheita também teve início de maneira tímida em algumas regiões do Paraná, como Campo Mourão, Cascavel e Francisco Beltrão, conforme informa relatório do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab). O rápido avanço da semeadura nos Estados Unidos e a previsão de safra volumosa pressionaram os valores externos do milho no início da semana passada.
No entanto, os preços reagiram diante da forte demanda pelo cereal norte-americano, de previsão indicando chuvas para o Meio Oeste deste país, que pode atrasar os trabalhos de campo, e sobretudo pelo acordo entre Estados Unidos e a China para suspender a maior parte das tarifas por 90 dias. Com isso, na Bolsa de Chicago, o primeiro vencimento Maio/2025 registra avanço de 2,16% nos últimos sete dias, a US$ 4,48 por bushel. O contrato Julho/2025 apresenta recuo de 5% na mesma comparação, a US$ 4,25 por bushel. Segundo o USDA, a produção dos Estados Unidos pode somar 401,85 milhões de toneladas, aumento de 6% em relação à temporada anterior e um recorde. O USDA também indicou que, até o dia 11 de maio, a semeadura do cereal chegou a 62% da safra no país, contra 47% do mesmo período de 2024. Na Argentina, a colheita chegou a 37,2% até o dia 8 de maio, avanço semanal de 2,3%, conforme dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.