25/Nov/2025
O mercado de milho segue atento à janela de plantio da soja, que vem avançando com algum atraso e começa a levantar dúvidas sobre o calendário da 2ª safra de 2026. Há rumores no mercado sobre eventual risco climático, sobretudo em Goiás, onde produtores relatam maior dificuldade para manter o milho dentro da janela ideal. A preocupação não decorre apenas do ritmo do plantio, mas da combinação entre chuvas que chegaram mais tarde, áreas empurradas para uma janela não ideal e a concentração da 2ª safra em regiões como Goiás, Mato Grosso e parte de Mato Grosso do Sul. Esse conjunto já é suficiente para acender um sinal de alerta, ainda que não para antecipar uma alta imediata. O ponto de atenção é o quanto do plantio do milho 2ª safra de 2026 vai ficar fora da janela. Por enquanto, o impacto direto sobre preços está mais ligado à cobertura das fábricas de etanol, que segue como uma das principais incógnitas do mercado para o início de 2026. Não está claro se as usinas entrarão com força na compra de milho no começo do ano, o que poderia sustentar o mercado interno e elevar as cotações do milho 2ª safra de 2026.
Se as fábricas entrarem forte na compra, o preço do milho 2ª safra de 2026 vai subir mais. Outro ponto é a limitação do milho safra de verão (1ª safra 2025/2026) da Região Sul, esperado para fevereiro/2026, que não abastece a Região Centro-Oeste, Minas Gerais ou a Região Nordeste, permanecendo restrito ao consumo regional de aves e suínos. Isso reforça a dependência do País em relação à 2ª safra e amplifica o peso da janela de plantio na formação de preço ao longo do primeiro semestre. No curto prazo, porém, esse risco ainda não está precificado, em parte porque algumas perdas de janela ainda podem ser recuperadas se a colheita da soja avançar rápido. Por outro lado, uma colheita lenta, travada por chuva, adicionaria pressão e fortaleceria o prêmio climático. Três fatores vão determinar a direção dos preços nas próximas semanas: o ritmo do plantio da soja, a velocidade da colheita em janeiro e os mapas climáticos para fevereiro e março, quando o produtor define a expansão da 2ª safra. O cenário ainda é incerto.
No Paraná, na região de Ponta Grossa, a comercialização é pontual no disponível, pois os produtores estão focados em colher o trigo e plantar a soja. Para aumentar as chances de comercialização, os compradores deveriam indicar R$ 72,00 por saca de 60 Kg CIF Porto de Paranaguá, já que os vendedores indicam acima de R$ 70,00 por saca de 60 Kg, em iguais condições. No entanto, os compradores estão abastecidos e fora do mercado. Quanto às vendas da safra de milho de verão (1ª safra 2025/2026), os produtores ainda estão concentrados no plantio de soja. As fábricas indicam entre R$ 63,00 e R$ 64,00 por saca de 60 Kg FOB, para retirada em fevereiro e pagamento em abril de 2026.
Em Mato Grosso, na região de Sorriso, volumes expressivos têm sido comprados por exportadoras. Os preços se mantêm estáveis nos últimos sete dias, mas a provável necessidade de fechar o programa de compras pode ter impulsionado os negócios. Há registro de negócios para exportação entre R$ 50,00 e R$ 50,50 por saca de 60 Kg FOB, para embarque imediato e pagamento em 20 de janeiro de 2026. Para compras via cooperativas, a indicação é de R$ 51,00 por saca de 60 Kg FOB, em iguais condições. As indústrias de etanol e fábricas de ração estão afastadas do mercado, provavelmente porque estão bem abastecidas até o final do ano. Em janeiro/2026, as vendas de milho podem ficar mais concentradas na demanda de usinas. A partir de 10 de dezembro, as tradings saem do mercado de milho e voltam em janeiro, para a soja. Ainda que as vendas sejam pontuais, os vendedores indicam R$ 50,00 por saca de 60 Kg, enquanto as usinas de etanol indicam entre R$ 47,00 e R$ 49,50 por saca de 60 Kg FOB, via cooperativas, a depender dos prazos de retirada e pagamento.