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21/Out/2019

O potencial de expansão para exportações de soja

Os produtores brasileiros de soja serão os principais beneficiados pelo cenário de margens apertadas e menor crescimento de demanda pelo grão americano na próxima década. Cálculos do Rabobank indicam que o consumo global da oleaginosa deverá aumentar em 70 milhões de toneladas até a safra 2028/2029, para 415 milhões de toneladas, e que metade desse volume será suprido pelo Brasil. A preços atuais, essas 35 milhões de toneladas adicionais representariam mais US$ 12,5 bilhões em divisas. A estimativa leva em conta que a epidemia de peste suína africana na China esteja solucionada e, apesar das incertezas, considera um cenário em que a guerra comercial entre o país asiático e Estados Unidos não esteja na equação. Não poderia ser diferente, dado o peso que o Brasil já tem nesse mercado, no qual lidera produção e exportações. Os sinais positivos estão ficando cada vez mais nítidos, reforçando uma tendência que já prevaleceu na última década.

Nesse período, o Brasil já abocanhou de 10% a 12% de participação no mercado global de soja que antes pertencia aos norte-americanos. Esse cenário desafiador para os Estados Unidos poderá motivar um avanço significativo do cultivo no Brasil, segundo o Rabobank no Brasil. No ciclo 2027/2028, a área plantada com soja deverá chegar a 45 milhões de hectares, ante os 36,5 milhões de hectares estimados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2019/2020. Para a colheita, o avanço deverá chegar perto de 30%, atingindo 157 milhões de toneladas. Apesar da Peste Suína Africana, que reduziu a demanda de soja da China para a produção de ração, o país asiático continuará a ser o principal destino do grão brasileiro e poderá absorver 80% dos embarques do país no horizonte traçado. Mas, se hoje a demanda chinesa pela oleaginosa diminuiu, a tendência, segundo Ikeda, é que na próxima década o consumo se restabeleça. As atuais vantagens competitivas do Brasil farão a diferença na disputa pelo mercado com os americanos. A vantagem dos Estados Unidos até agora era a logística.

Mas a pequena expansão da área norte-americana nos últimos anos ocorreu longe dessa estrutura de escoamento. O mesmo ocorre na Argentina, terceiro maior país exportador da oleaginosa, atrás de Brasil e Estados Unidos. Já no Brasil acontece o oposto. As áreas de produção de soja estão avançando próximas do Arco Norte. Dessa forma, os preços pagos pelo grão no Brasil são menos impactados pela logística tradicional dos portos do Sul e do Sudeste do país. Além disso, no Brasil ainda há muitas áreas de pastagens que podem ser convertidas em lavouras de grãos. A partir de um preço da soja da ordem de US$ 8,50 por bushel, essa troca já é favorecida. No relatório divulgado, o banco holandês traçou um cenário base para a produção de soja norte-americana nos próximos dez anos. A projeção considera a continuidade da guerra comercial e dos reflexos da peste suína, fatores que deverão ajudar a inflar os estoques dos Estados Unidos para 20 milhões de toneladas e provocar queda dos preços pagos aos produtores norte-americanos. Nesse contexto, esses preços deverão ficar entre US$ 8,90 e US$ 9,30 por bushel nos próximos dez anos - US$ 9,10, em média, no cenário base.

Conforme o relatório, a guerra comercial, sozinha, reduzirá as cotações de US$ 1,00 a US$ 2,00 por bushel entre 2018/2019 e 2028/2029. Já a Peste Suína Africana terá impacto de entre US$ 0,50 por bushel a US$ 1,00 por bushel no período. A média dos preços na bolsa de Chicago na última década foi de US$ 11,00 por bushel. Já a área norte-americana de produção da oleaginosa deverá recuar 2,8 milhões de hectares ante 2017/2018, quando o plantio superou os 36,4 milhões de hectares. A área média destinada à cultura nos Estados Unidos será de 32,7 milhões de hectares a 33,9 milhões de hectares. Essa perda equivale a um recuo de 8,8 milhões de toneladas a 9,5 milhões de toneladas de potencial produtivo. Com isso, as exportações norte-americanas do grão deverão permanecer abaixo de 54,4 milhões de toneladas. O banco também avaliou como seria o cenário sem a influência da guerra comercial e da Peste Suína, no qual as exportações norte-americanas seriam entre 5,4 milhões de toneladas e 8,1 milhões de toneladas maiores que o cenário base.

Nesse caso, os preços ao produtor seriam entre US$ 2,00 a US$ 2,50 maiores. Se a guerra comercial China x Estados Unidos chegar ao fim - encerrando a cobrança da tarifa de 25% imposta pela China à soja dos Estados Unidos - mas a Peste Suína Africana persistir, preços, exportações e área plantada aumentariam nos Estados Unidos. Ainda assim, os estoques continuariam a pesar. Nesse cenário, a exportação americana chegaria próxima das 59 milhões de toneladas, e a área plantada no país, a 34,8 milhões de hectares. Por fim, o banco holandês avaliou a possibilidade de a área voltar a crescer de forma acentuada já em 2020/2021 nos Estados Unidos - chegando aos 36,4 milhões de hectares de 2017/2018. Se isso acontecer, os preços ao produtor devem cair abaixo dos US$ 7,50 por bushel na safra 2020/2021. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.