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26/Out/2020

Tendência de alta da soja com restrição de oferta

A tendência é de alta do preço da soja no mercado brasileiro, com a forte escalada das cotações futuras na Bolsa de Chicago, dólar em patamares elevados, restrição de oferta do grão para esmagamento no mercado interno e exportações recordes, com grande volume de vendas antecipadas para a temporada 2020/2021. A isenção da tarifa de importação da soja, até o momento, não trouxe nenhum impacto sobre o mercado, até pelo fato de que as opções de compras chegariam ao País a preços superiores aos praticados atualmente no mercado interno. O baixo excedente interno, o cultivo tardio no Brasil e a valorização externa elevam os preços de soja no mercado doméstico. Ainda assim, as negociações estão em ritmo lento, devido à retração de produtores, que não têm interesse em negociar o restante da safra 2019/2020. O pouco volume disponível no spot está sendo disputado por indústrias locais, que oferecem preços acima dos da paridade de exportação, algo não comum de se observar.

As indústrias sinalizam não ter estoque longo, o que deixa avicultores e suinocultores em alerta quanto ao consumo de farelo de soja no primeiro bimestre de 2021, especialmente quando considerado que a colheita da safra 2020/2021 pode se atrasar, tendo em vista o atual semeio tardio. Nos últimos dias, os trabalhos de campo foram intensificados, favorecidos por chuvas e por expectativas de novas precipitações nos próximos dias. No Paraná, a região mais adiantada é a sudoeste, onde 80% da área foi semeada. A região oeste é a segunda mais adiantada no Estado, com 60% da área cultivada. Na média do Paraná, o plantio foi concluído em 32% da área destinada à oleaginosa. Em Mato Grosso, a região oeste está mais adiantada, mas com 25% da área semeada. Na média do Estado, 8,2% da área foi semeada, significativamente abaixo dos 41,8% cultivados em igual período de 2019 e dos 32,84% na média dos últimos cinco anos. Além disso, 99,3% da safra 2019/2020 foi vendida no Estado e 60,4% da produção estimada para a temporada 2020/2021 também já foi negociada.

No Rio Grande do Sul, o baixo índice pluviométrico fez que com que os produtores interrompessem os trabalhos de campo. Na média do estado, cerca de 5% da área destinada à soja foi semeada, em linha com a média dos últimos cinco anos. Em Mato Grosso do Sul, os produtores intensificaram o semeio, beneficiados pelas recentes chuvas. Em São Paulo, a região de Itapeva está mais adiantada com as atividades, atingindo 30% da área esperada. Em Minas Gerais, no Triângulo Mineiro e em Goiás, na região de Rio Verde, o semeio está em 10%. Dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cpetc) indicam pancadas de chuva forte nas Região Sudeste e Centro-Oeste do País. Na Região Sul, a previsão é de chuvas apenas na maior parte de Santa-Catarina, o que deixa os produtores do Rio Grande do Sul em alerta. Na Região Norte do Brasil, também deve chover nos próximos dias.

Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta forte alta de 4,9%, cotado a R$ 164,33 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês, este Indicador registra o segundo maior valor real da série do Cepea, inferior apenas ao verificado em outubro/2002 (valores deflacionados pelo IGP-DI de outubro/2020). A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra valorização de 4,5% nos últimos sete dias, a R$ 164,13 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os valores da soja registram avanço de 2,1% no mercado de balcão e 4,2% no de lotes. Quanto aos derivados, os preços de farelo de soja apresentam alta significativa de 6,2% nos últimos sete dias. O óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra valorização de 2,5% no mesmo comparativo, a R$ 7.255,92 por tonelada.

Nos Estados Unidos, o clima segue favorecendo a colheita de soja. 75% da área havia sido colhida até o dia 18 de outubro, acima dos 40% de igual período do ano passado e dos 58% da média dos últimos cinco anos. Diante dos baixos estoques brasileiros e da maior oferta nos Estados Unidos, os consumidores estrangeiros passaram a adquirir novos lotes norte-americanos. Segundo dados de inspeção e exportação do USDA, 11,5 milhões de toneladas de soja foram exportadas pelos Estados Unidos de setembro até 15 de outubro, 77,3% acima do volume escoado no mesmo período de 2019. Isso se deve também ao andamento do acordo comercial entre a China e os Estados Unidos. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Novembro/2020 da oleaginosa apresenta valorização nos últimos sete dias, a US$ 10,80 por bushel, o maior valor nominal desde julho de 2016, considerando-se o contrato de primeiro vencimento. Referente ao farelo de soja, o contrato Dezembro/2020 registra alta de 2,7% no mesmo período, a US$ 421,52 por tonelada. Quanto ao óleo de soja, a valorização é de 0,9% nos últimos sete dias, para US$ 742,73 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.