12/Mar/2021
A Bolsa de Comércio de Rosário revisou a previsão para a nova safra de soja da Argentina, de 49 milhões de toneladas para 45 milhões de toneladas. As condições adversas de clima, com o tempo muito quente e seco em importantes regiões produtoras do país, são as principais responsáveis por esta redução na estimativa. O número surpreende, porém, vem a ficar mais próximo das estimativas de outras instituições, como a Bolsa de Buenos Aires, que estima 46 milhões de toneladas ou do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que projeta a colheita do país em 47,5 milhões de toneladas. A extrema variabilidade do clima coloca em xeque a 'soja de segunda' e a produção de oleaginosas como um todo, e faz lembrar as condições observadas na safra 2017/2018.
O mês de fevereiro e os primeiros dez dias de março não trouxeram chuvas significativas em grande parte da área central, especialmente na região leste. As perdas de produção e de área semeada são muito graves. Ainda não é possível afirmar qual será o real volume colhido de soja na Argentina nesta temporada, principalmente se a falta de umidade se espalhar e se agravar no país. No dia 8 de março, algumas regiões receberam chuvas, porém, na ordem de apenas 1 milímetro, sem promover qualquer mudança nas áreas afetadas pela seca. Um sistema de alta pressão continua atuando na região leste da Argentina, impossibilitando que as chuvas cheguem a áreas produtoras de soja e milho. O ciclo da soja mais uma vez sofreu um retrocesso nas condições climáticas e a partir de fevereiro passou por condições extremamente secas.
Com solos sem reservas para soja de segunda, esta é a cultura mais afetada. Estima-se que 850 mil hectares serão perdidos devido à falta de água, que, em grande parte, é uma lavoura de soja de segunda. Muitas áreas que seriam cultivadas na primeira etapa da soja passaram à segunda devido aos problemas de clima, lavouras que acabaram, portanto, sofrendo muito agressivamente com a seca. São estes campos que, neste momento estão passando pelo estágio de enchimento de grãos. Hoje, os produtores estão muito preocupados, pois esperavam chuvas na primeira quinzena de março e estas ainda não chegaram em algumas áreas. Assim, no melhor dos cenários, a safra pode atingir 46 milhões de toneladas.
As produtividades estão baixando mesmo em áreas muito boas de produção, como a Zona Núcleo, como norte de Buenos Aires e sul de Santa Fé. Dessa forma, dessas 46 milhões de toneladas (na melhor das hipóteses), a Argentina poderia exportar entre 6 e 7 milhões de toneladas, e processar entre 39 e 40 milhões de toneladas, apenas 1 milhão a mais do que no ano passado. Isso significa menor produção de óleo e farelo, subprodutos, já que as condições impactarão os números finais. As próximas duas semanas serão fundamentais, não só para a soja, mas também para o milho que está em desenvolvimento na Argentina. Para o milho, a estimativa da Bolsa de Rosário é de 48,5 milhões de toneladas. O monitoramento sobre as adversidades climáticas e o excesso de chuvas também continua a ser monitorado. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.