10/Set/2021
É um equívoco o produtor de grãos no Brasil se orientar, na hora de comercializar sua safra, por preço da saca e não pela margem de lucro ou relação de troca. O atual movimento observado entre produtores de milho e soja, de segurar a venda antecipada com vistas a preços mais altos à frente, foi criticado. O produtor rural deve se atentar à relação de troca, e não ao preço da saca. O produtor que fica tentando “adivinhar” preço da soja futura ou preço futuro do adubo comete um erro. Na verdade, ele deve olhar a relação de troca, ou seja, quanto da expectativa de produtividade será reservada para a aquisição de insumos. Os produtores que não fizeram a comercialização antecipada porque tinham expectativa de cotações mais altas na Bolsa de Chicago ou no Brasil, corrigidos pelo câmbio, podem ter perdido um momento favorável. Houve altas expressivas de alguns insumos muito relevantes para a produção, como fertilizantes e glifosato. Quem comprou glifosato lá atrás teve vantagem, porque o preço subiu e o da soja caiu.
Já que fizeram a comercialização antecipada orientados pela relação de troca, conseguiram certamente uma margem bem melhor do que aqueles que estão vendendo antecipado neste momento. Não só porque o preço da soja caiu, mas porque o custo subiu. Pode-se citar como exemplo os fertilizantes, que já tinham tido um significativo aumento de preços na virada do ano, mas agora, em maio e julho, subiram outra vez, além de alguns defensivos, os quais houve correções muito importantes nos últimos meses. Assim, a não comercialização antecipada talvez tenha tirado um pouco da rentabilidade que o produtor teria no ano que vem. Os produtores se orientaram pela tentativa de adivinhar o preço futuro, e não pela relação de troca. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) afirmou que a comercialização antecipada de soja em Mato Grosso está muito aquém nesta safra em comparação com o ciclo anterior. Hoje, a comercialização no Estado está em 37% da safra de soja, ante 60% em igual período do ano passado. Se produtor vendeu antecipado e já travou seus custos é uma situação menos perigosa se quiser trabalhar com especulação de preços para o restante da safra.
É menos arriscado tentar “adivinhar” preços com os custos já travados. Mas, se o produtor prefere não travar nada e ficar aguardando nova disparada de preços, como a que ocorreu no ano passado, coloca em risco não só suas margens, mas também o próprio negócio. No ano passado, quando o produtor travou a soja entre R$ 78,00 e R$ 80,00 por saca de 60 Kg e o milho entre R$ 25,00 e R$ 30,00 por saca de 60 Kg, eram preços considerados favoráveis. Não estava no radar a disparada de preços que ia ocorrer na sequência. Era uma boa relação de troca naquele momento. Pelo andamento da safra atual de 2021/2022, espera-se que a soja seja plantada na janela ideal, com clima favorável, e, consequentemente, mais à frente, também a 2ª safra de 2022. Tal situação, de volta à sazonalidade normal para essas culturas, pode resultar em uma grande safra e em queda de preços, situação bastante arriscada para produtores que não estão travando a safra agora e preferindo vender no spot mais à frente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.