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04/Out/2021

Vazio Sanitário: mudança deve ter base científica

Segundo o Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a ampliação do calendário de plantio de soja em Mato Grosso, de 31 de dezembro para 3 de fevereiro, estabelecido na Portaria 394 de 10 de setembro, pode ser plausível, desde que haja base científica que justifique a alteração. Há uma demanda específica da região de Mato Grosso, de ter sementes produzidas em época seca, com qualidade melhor do ponto de vista sanitário. Desde que exista uma explicação tecnicamente aceitável, de que uma determinada região pode ter postura diferente, pode ser viável. Algumas questões regionais podem ser consideradas.

Diante das divergências ainda existentes, a revogação do decreto seria a melhor opção, para estudo da situação. É preciso revisar o decreto cientificamente, sob a ótica técnica. A portaria 394, do Ministério da Agricultura, ampliou de 110 para até 140 dias o período em que é permitido manter plantas vivas de soja no campo para a maioria dos Estados, medida que foi contestada por órgãos de defesa vegetal estaduais e entidades do setor, como a Embrapa. A CropLife Brasil, entidade que representa empresas de sementes e defensivos, enviou uma carta à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, contestando os novos prazos de plantio de soja.

O documento foi assinado também pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e a Fundação Mato Grosso (FMT). Na carta, as entidades argumentam que o plantio realizado em períodos adicionais estenderá o tempo em que as plantas de soja estarão disponíveis no campo para o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da doença ferrugem asiática da soja, o que comprometeria mais a longevidade da eficácia dos fungicidas. À medida em se avança para plantios tardios, maior é a adaptação do fungo causador da ferrugem aos fungicidas. A intenção de produtores rurais de Mato Grosso com o calendário ampliado seria cultivar soja para semente somente em áreas onde não há cultivos destinados à comercialização do grão.

Assim, as plantas destinadas à produção de sementes não se tornariam hospedeiras do fungo eventualmente presente em lavouras de grãos próximas. As condições edafoclimáticas são diferentes de uma região para outra. É fundamental que haja um entendimento entre o governo federal, com a regra do vazio sanitário nacionalmente entendida, e o governo estadual, com a demanda específica da região. Vazio sanitário é o período entre julho e setembro, no qual produtores não podem manter plantas vivas de soja nem cultivar a oleaginosa, a fim de interromper a sobrevivência do fungo entre uma safra e outra.

É preciso que técnicos da esfera estadual e federal se entendam e cheguem a um resultado inequívoco, e que o risco de preservação do fungo seja eliminado. Sobre outros Estados que também questionaram a alteração do calendário de plantio, como Goiás, os prazos precisam ser cientificamente acordados entre os governos estaduais e federal. Se o próprio governo do estado de Goiás não quer a alteração, tem o direito de pleitear técnica e cientificamente o retorno do prazo estabelecido anteriormente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.