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08/Nov/2021

Biodiesel: incertezas com novo modelo de vendas

Em menos de dois meses começará uma nova confusão no mercado de biodiesel. E o consumidor vai acabar pagando mais essa conta, diretamente ao encher o tanque, e, indiretamente, comprando mercadorias que circulam nos caminhões. Deixará de existir a regulação da oferta por meio dos leilões, a partir de 1º de janeiro de 2022, e passará a viger a negociação direta entre produtores e distribuidoras. Já era difícil haver previsibilidade sobre o montante a cada leilão, pelas interferências do governo sobre a proporção da mistura ao diesel, em relação a oferta válida para os dois meses seguintes, mas agora ficará condicionado também ao poder dos agentes. Para a União Brasileira do Biodiesel e Bioqueresone (Ubrabio) não há dúvidas quanto ao risco da elevada capacidade de compra por parte das grandes distribuidoras de enxugar boa parte do produto disponível e usar isso como fator de pressão sobre os preços ofertados. A concentração será grande e o poder de imposição de preços será muito maior que hoje. Além disso, vai ser quebrado o equilíbrio do mercado.

Nas refinarias, o diesel acumulou, até outubro, 65,5% de aumento. No litro que chega ao consumidor, o diesel B, a formação de preço chegou a 56%% até agora, com acréscimo de 9% em 2021, contra a participação de 13%,7% do biodiesel, cujo aumento desde janeiro foi de 0,1%. Em paralelo, pode-se dizer que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ratificou o novo modelo, deixou uma porta aberta para um potencial desequilíbrio no abastecimento em algumas regiões. Não por parte da oferta de biodiesel especificamente, uma vez que a capacidade instalada é de 12 bilhões de litros ano e a produção, até dezembro, acumulará déficit de 6 bilhões. O mercado distribuidor pode conseguir empurrar seu poder de preços sobre regiões com forte demanda, mas não em todos os lugares. O desvio da oferta será, logicamente, onde há mais poder de compra. Quanto ao teor de mistura, o órgão colegiado do Ministério de Minas Energia (MME) reduziu de 13% para 10%, desde o leilão de março, a quantidade de biodiesel no óleo diesel consumido.

E não confirmou a volta para a meta estabelecida de 13%, o B13. Com a safra de soja andando e faltando menos de 60 dias para o início do novo modelo, não se sabe quanto será necessário adquirir de matéria-prima, quanto será produzido e quanto será vendido. As empresas do setor não conseguem “virar a chave” para outro produto. Na comparação com as usinas de etanol, o mix entre açúcar e biocombustível oferece opção ao produtor. As constantes reduções da mistura foram decididas ante o argumento da menor disponibilidade da oleaginosa, a matéria-prima que responde pelo volume mais maciço de biodiesel, porém sempre sob contestação das empresas do setor. Para completar o risco ao meio-ambiente, a Ubrabio adiciona o maior risco à saúde. O novo modelo vai ainda deixar com menor margem de controle os níveis de inconformidade no combustível. Fonte: Money Times. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.