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19/Feb/2024

Tendência baixista para os preços da soja no Brasil

A tendência é baixista para os preços no mercado interno, com avanço da colheita, expectativa de safra recorde na América do Sul em 2023/2024 e de expansão da área plantada nos EUA em 2024/2025, recuo dos futuros na Bolsa de Chicago e prêmios negativos nos portos brasileiros. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras para 2024 recuaram para US$ 11,40 a US$ 11,80 por bushel. Na Argentina, a safra 2023/2024 está estimada em 52,5 milhões de toneladas, o que, se confirmado, seria um incremento de 138% sobre a anterior, que atingiu somente 22,0 milhões de toneladas. A safra da América do Sul em 2023/2024 está estimada em um recorde de 218,1 milhões de toneladas, 14% acima da anterior, considerando produção de 148,5 milhões de toneladas no Brasil. Uma mudança de rumo nos preços somente ocorreria em caso de quebra mais expressiva na safra brasileira, para patamares abaixo das 140 milhões de toneladas.

A 1ª estimativa para a área plantada nos EUA na safra 2024/2025 está apontando incremento de 4,8% na área de soja, com potencial de expansão de 7% da produção de soja, podendo levar a uma colheita recorde de 122,6 milhões de toneladas. Os produtores dos Estados Unidos têm elevado o interesse em cultivar soja na safra 2024/2025 em detrimento do milho. Esse cenário pode estar atrelado à relação entre os preços destes grãos, pois a vantagem da oleaginosa sobre o cereal está acima da média registrada desde 2000, o que vem sendo verificado mesmo diante dos estoques abundantes e dos menores valores da soja na atual temporada. Diante disso, as cotações da oleaginosa nos Estados Unidos podem operar em baixa no próximo ano-safra, o que tenderia a ser repassado aos demais países produtores do grão. Considerando-se os valores de primeiros vencimentos de contratos de soja e milho negociados na Bolsa de Chicago, verifica-se que, entre o início do ano 2000 até o dia 15 de fevereiro, a média da relação entre os preços destes grãos mostra que o valor da soja fica 2,5 acima do registrado para o milho.

Nesse período, a menor relação encontrada é de 2,02, na safra 2010/2011, ao passo que a maior, de 3,08, foi verificada nas temporadas 2003/2004 e 2013/2014. Na atual safra 2023/2024, a relação está em 2,75, ou seja, acima da média dos últimos pouco mais de 20 anos e evidenciando a atratividade da soja em relação ao milho. Durante o Agricultural Outlook Forum, realizado entre 15 e 16 deste mês, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou aumento na área a ser cultivada com soja na safra 2024/2025 nos Estados Unidos, em 4,8%, passando para 35,4 milhões de hectares. Esse cenário motivou o USDA a projetar preço médio da soja nos Estados Unidos a US$ 12,65 por bushel na temporada 2023/2024 e a US$ 11,20 por bushel em 2024/2025, o que seriam os menores patamares desde 2020, ano em que os futuros operaram abaixo de US$ 10,00 por bushel. O contrato Março/2024 da soja negociado na Bolsa de Chicago está cotado a US$ 11,62 por bushel, queda de 2,6% nos últimos sete dias e o menor desde 11 de dezembro de 2020.

No Brasil, o preço FOB da soja para embarque em março/2024, com base no Porto de Paranaguá (PR), é de US$ 405,30 por tonelada (R$ 121,02 por saca de 60 Kg). Para os meses seguintes, a paridade de exportação mostra valores um pouco maiores, mas ainda abaixo dos R$ 130,00 por saca de 60 Kg. No spot nacional, as negociações têm ocorrido abaixo de R$ 120,00 por saca de 60 Kg. Além do repasse da queda internacional, os preços domésticos são pressionados pelas reduzidas demandas interna e externa, sobretudo da China. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta recuo de 1%, cotado a R$ 117,29 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 111,47 por saca de 60 Kg.

Nos últimos sete dias, os preços se mantêm estáveis no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e com leve recuo de 0,2% no mercado de lotes (negociações entre empresas). A capacidade de esmagamento de soja nos Estados Unidos deve seguir crescente na temporada 2024/2025, conforme apontam dados do USDA. Assim, a disponibilidade de farelo e de óleo de soja deve aumentar no mercado norte-americano, mas essa maior oferta pode ser compensada, em partes, por expectativas de aquecimentos nas demandas nacional e global. O USDA indica possibilidade de aumento na demanda por farelo de soja por pecuaristas e avicultores mundiais, devido à possibilidade de preço mais atrativo a esses consumidores na safra 2024/2025, tendo em vista a maior oferta na América do Sul (em 2023/2024), que pode aumentar a disputa de venda entre os principais países exportadores.

Diante disso, o contrato Março/2024 do farelo de soja registra baixa de 2,2% nos últimos sete dias na Bolsa de Chicago, a US$ 374,23 por tonelada, sendo o menor valor nominal desde 8 de novembro de 2021. No mercado brasileiro, os preços do farelo estão oscilando dentre as regiões; na média, o avanço é de 0,5% nos últimos sete dias. Alguns consumidores precisaram reabastecer os estoques, mas, na sequência, se afastaram do spot. Quanto ao óleo de soja, o aumento na oferta norte-americana pode ser compensado, em partes, pela maior demanda, sobretudo pelo setor de biodiesel na temporada 2024/2025. Na Bolsa de Chicago, o contrato Março/2024 do óleo de soja apresenta expressivo recuo de 4% nos últimos sete dias, a US$ 1.014,12 por tonelada. No Brasil, o preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) registra avanço de 0,6% nos últimos sete dias, a R$ 4.834,79 por tonelada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.