ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

08/Nov/2024

EUA: protecionismo impactará no mercado da soja

A eleição do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos deve mexer com o mercado global de soja na medida em que houver mais ou menos medidas protecionistas adotadas pelo novo mandatário. "Nos dois meses que faltam para Trump tomar posse, muitas declarações serão dadas", afirmou a consultora independente especializada em commodities agrícolas Andrea Cordeiro. "Essas declarações serão muito importantes e devem mexer no mercado, como eventuais falas protecionistas que adiantem quais produtos estarão na lista." Outro aspecto abordado por Cordeiro é que o acordo comercial entre Estados Unidos e China, que estava sendo negociado durante o primeiro mandato de Trump, parou na chamada "Fase 1". "Depois o democrata Joe Biden assumiu o poder e este acordo ficou estacionado; em seguida veio a pandemia e o acordo foi esquecido", lembra a especialista. "Agora, com a volta de Trump, tudo isso (Fases 2 e 3 do acordo comercial) deve sair da gaveta."

Ainda sobre a guerra comercial EUA-China e eventuais entraves à fluidez dos negócios, Cordeiro diz que, no caso da soja, o Brasil pode ser novamente beneficiado, como foi no primeiro mandato de Trump, quando a China parou de adquirir soja dos Estados Unidos e se voltou a outros fornecedores. Naquele período, porém, o Brasil foi praticamente o único beneficiado, já que a Argentina, outro grande produtor de soja, vivia uma quebra importante na sua safra. "Em 2024/2025, porém, se a China tiver de se voltar a outros fornecedores da oleaginosa para substituir o fornecimento dos Estados Unidos, o Brasil enfrentará a concorrência da Argentina, que deve ter safra cheia." De todo modo, Andrea Cordeiro lembra que a China, precavida diante do cenário político norte-americano, adiantou compras da soja dos Estados Unidos para garantir estoques e está bem abastecida.

"E, até Trump tomar posse (e retomar uma eventual guerra comercial com o gigante asiático, impondo 'tarifaços'), a China ainda terá mais dois meses para adquirir o grão norte-americano." Conforme ela, o mercado se pergunta em que nível virá esse eventual "tarifaço". "Então, enquanto isso, nessa janela de dois meses até o novo presidente tomar posse, há oportunidades para a China seguir adquirindo grão dos Estados Unidos." Para o Brasil, como a comercialização da soja 2024/2025 está atrasada, mais à frente pode haver um espaço maior de competitividade para o grão brasileiro, assim como a soja da Argentina. Para ela, há boa chance de o Brasil substituir os Estados Unidos como fornecedor da oleaginosa para a China, tendo em vista também a alta do dólar, que torna a commodity mais competitiva. "E, dependendo do teor das declarações de Trump até ele tomar posse, de maior ou menor protecionismo contra a China, isso pode adicionar prêmios à soja sul-americana." Fonte: Andrea Cordeiro. Broadcast Agro.