29/Apr/2025
O presidente da Cargill no Brasil, Paulo Sousa, avaliou que uma nova guerra comercial entre Estados Unidos e China tende a beneficiar o produtor de soja brasileiro em comparação com o norte-americano, mas alertou que o movimento pode gerar pressões negativas para a indústria nacional. Esse cenário é positivo para o produtor brasileiro em comparação com o produtor norte-americano. Não há vantagem para o agronegócio brasileiro como um todo. O aumento das tarifas entre as duas maiores economias do mundo deve redirecionar ainda mais a demanda chinesa para o Brasil, que já abastece cerca de 73% das necessidades do gigante asiático na soja. Esse aumento das compras chineses pode gerar queda no processamento interno de soja, para gerar excedentes para exportação. Na prática, isso significaria menos oferta de matéria-prima para a indústria nacional de processamento de soja, encarecendo derivados como farelo, óleo e biodiesel.
A China iria ‘matar’ a margem da indústria brasileira para levar a matéria-prima embora. O impacto poderia chegar ao consumidor final, com reflexos nos preços internos desses produtos. Apesar das preocupações, a empresa reforçou a posição histórica em defesa do livre mercado. Embora o redirecionamento da demanda favoreça o escoamento da safra brasileira, o efeito geral sobre o mercado global tende a ser negativo. O consumo total de soja no mundo não vai mudar. Com a incerteza econômica global e a perspectiva de redução do crescimento, há até um efeito negativo na demanda, pela menor renda global. A avaliação do executivo da Cargill ocorre em meio à escalada de tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
A China anunciou tarifas retaliatórias de até 145% sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo a soja, em resposta a medidas similares adotadas pelos Estados Unidos. O movimento resgata o ambiente da guerra comercial iniciada em 2018, no primeiro mandato do ex-presidente Donald Trump, que já havia beneficiado exportadores brasileiros. Na disputa anterior, a China reduziu suas compras de soja norte-americana e ampliou significativamente a dependência do Brasil. De 2017 a 2024, as importações chinesas de soja do Brasil aumentaram 35%, enquanto as dos Estados Unidos recuaram 14%. Analistas indicam que, desta vez, o Brasil pode estar ainda mais bem posicionado, diante de investimentos chineses realizados na última década em infraestrutura logística, como portos e ferrovias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.