09/Jul/2025
Num enrosco financeiro e judicial, o Grupo Safras acaba de mudar de mãos. O novo controlador é um fundo organizado pela AM Agro, de Marco Teixeira, que foi diretor financeiro da AgroGalaxy e presidiu a Superbac. A companhia de processamento e armazenagem de grãos e produção de etanol tem uma dívida de R$ 2,2 bilhões e já tentou, por três vezes nos últimos meses, autorização da Justiça do Mato Grosso para uma Recuperação Judicial, que foi negada por falta de documentos obrigatórios. Sem a proteção judicial, credores têm executado garantias, tomando de máquinas à fábrica. Os novos donos esperam conseguir uma renegociação com os credores, incluindo Caixa, Banco do Brasil e fundos de investimento em direitos creditórios.
A troca de controle não partiu de uma negociação direta com as famílias Moraes e Rossato, então donas do Grupo Safras e agora minoritárias. A AM Agro negociou com um terceiro, que tinha uma opção de compra do controle do Safras, numa transação feita no passado. A empresa não abre o nome e as condições da transação. “Compramos, por meio de um fundo de special situations, um instrumento de opção para ser majoritário no grupo e exercemos essa opção”, disse Teixeira ao Pipeline. Essa opção não ficou pública na documentação da RJ, justamente barrada por falta de transparência. Para exercê-la, aí sim a AM Agro teve que se sentar com as famílias. Segundo ele, há conversas com outros investidores para nova dívida e aporte de equity no Safras, depois que o novo controlador assumir e fizer a mudança na administração da companhia.
“O potencial operacional do grupo é fantástico, numa localização estratégica. Estamos buscando levantar de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão para fazer frente às necessidades da empresa, que já teve um volume relevante, mas passou o ano praticamente parada”, diz. Apesar do otimismo com a virada do negócio, ele reconhece que a situação não é trivial, com necessidade de capital de giro, capex, falta de confiança dos produtores e desgaste com os credores. Nos últimos 15 anos, Teixeira trabalhou em reestruturações de empresas do agro e avalia que é possível o grupo aproveitar a safra do ano que vem. “O plano é estar pronta para receber os grãos a partir de janeiro”, diz o novo dono. Fonte: Globo Rural.