31/Oct/2025
Segundo a AgResource, a China teria de cancelar parte das compras recentes de soja da Argentina para importar 12 milhões de toneladas dos Estados Unidos. Há incertezas e contradições em torno do novo acordo comercial entre Estados Unidos e China. Há muita confusão e pouca clareza sobre o que foi realmente negociado. O encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping resultou em um aceno político sem compromissos firmes sobre soja. A ausência de detalhes provocou forte volatilidade na Bolsa de Chicago, com o contrato de janeiro subindo para US$ 11,14 por bushel e recuando depois a US$ 10,70 por bushel. O mercado está tentando entender o que de fato foi acordado, mas até agora não há nenhum sinal de demanda física. O anúncio de que a China compraria 12 milhões de toneladas neste ano e 25 milhões anuais nos próximos três anos carece de respaldo logístico e comercial.
A China já comprou o que precisava, e se fosse importar esse volume dos Estados Unidos, teria de cancelar embarques argentinos. Isso é praticamente impossível. Não existe acordo assinado e a negociação atual é “não vinculante”, baseada em promessas. Outro ponto de dúvida é a tarifa chinesa sobre a soja norte-americana. Alguns dizem que caiu de 34% para 17%, outros falam em 13%, mas de qualquer forma os Estados Unidos seguem não competitivos. Apenas a estatal Sinograin poderia atuar por determinação do governo, o que daria caráter simbólico, não comercial, ao acordo. A euforia no mercado foi influenciada por declarações políticas, mas não há confirmação de demanda. Mesmo se os números anunciados se confirmarem, o impacto seria limitado. Se forem 12 milhões de toneladas, não muda o balanço; se forem 25 milhões anuais, também é algo dentro da normalidade.
A AgResource estima que os estoques finais de soja nos Estados Unidos devem ficar ao redor de 13,6 milhões de toneladas, nível considerado confortável, e projeta que o comportamento das lavouras da América do Sul ditará o rumo das cotações. O foco deve ser a safra latino-americana. As exportações brasileiras estão cerca de US$ 37,00 por tonelada mais baratas para embarques de março a maio. O mercado pode recuar e os produtores devem aproveitar as altas para fixar preços. Enquanto isso, o governo norte-americano sinalizou que Estados Unidos e China deverão formalizar na próxima semana um pacote de acordos que inclui comércio, combate ao fentanil e cooperação tecnológica, com suspensão temporária de tarifas e de restrições de exportação de tecnologia. Ainda há muito a esclarecer antes que o setor agrícola norte-americano tenha motivos para comemorar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.