31/Oct/2025
O acordo comercial anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a China foi apresentado como uma grande vitória para os produtores de soja norte-americanos. No entanto, analistas avaliam que o impacto prático será limitado, representando, no máximo, um retorno aos níveis de comércio anteriores à guerra comercial de 2025, e não um avanço significativo. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o pacto prevê que a China compre 12 milhões de toneladas de soja ainda este ano e se comprometa a adquirir um mínimo de 25 milhões de toneladas anuais pelos próximos três anos. Contudo, analistas lembram que o volume prometido é praticamente igual ao que a China já comprava antes do início da guerra comercial. Apesar de o governo estar tratando como uma vitória, a percepção é de que isso representa apenas um retorno ao status quo, afirmou a Beacon Policy Advisors.
A China pode encarar o compromisso de 25 milhões de toneladas mais como um teto do que como um piso. Ainda é incerto como os Estados Unidos poderiam garantir o cumprimento do acordo. Um porta-voz da Casa Branca rebateu dizendo que o número é um "piso, não um teto", e destacou que o governo também busca abrir novos mercados para a soja e outros produtos agrícolas. Segundo Bessent, outros países teriam firmado acordos para comprar "mais 19 milhões de toneladas" de soja norte-americana, mas não especificou quais. A American Soybean Association (ASA) considerou o entendimento "muito positivo", afirmando que ele cria uma base sólida para retomar os volumes tradicionais de vendas à China, entre 25 milhões e 30 milhões de toneladas anuais. Ainda assim, especialistas do setor, afirmam que o mercado já esperava esse nível de exportação e que o anúncio provavelmente não justifica uma alta sustentada nos preços. Após as declarações de Bessent, os contratos futuros da soja chegaram a subir cerca de 2% na Bolsa de Chicago, mas logo voltaram a níveis próximos aos da véspera.
O novo acordo difere do firmado na chamada "Fase Um" de 2020, quando a China se comprometeu a comprar US$ 32 bilhões em produtos agrícolas, meta que nunca foi atingida. Desta vez, o compromisso é medido em toneladas, não em valores, o que reduz a pressão sobre a China em caso de queda dos preços da soja. Apesar disso, analistas apontam que o entendimento não muda a estratégia chinesa de longo prazo de reduzir a dependência das exportações norte-americanas. A China tem investido fortemente no desenvolvimento da produção de soja na América do Sul, especialmente no Brasil, para diversificar fornecedores e fortalecer sua segurança alimentar. Os produtores norte-americanos devem buscar diminuir a dependência das exportações para a China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.