31/Oct/2025
Segundo a XP Investimentos, o acordo comercial anunciado após a reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, não restabelece um mercado livre para a soja e não altera, por ora, o excesso de oferta global. A visão negativa para os preços está mantida, apesar da sinalização chinesa de comprar 12 milhões de toneladas até janeiro e de assumir um compromisso adicional de 25 milhões de toneladas por ano nos próximos três anos. Ainda não está claro se a China vai retirar as tarifas retaliatórias aplicadas à soja dos Estados Unidos. A leitura é que parte dessas tarifas deve continuar em vigor, limitando compras fora das tradings estatais chinesas e reduzindo a competitividade do produto norte-americano. O volume de 12 milhões de toneladas cobre apenas as necessidades de curto prazo.
Argentina e Brasil já venderam, juntos, 23,5 milhões de toneladas (7,2 milhões e 16,3 milhões, respectivamente) para embarque no mesmo intervalo, totalizando 31,6 milhões de toneladas comprometidas com a China. O compromisso de 25 milhões de toneladas por ano é de longo prazo e só deve se materializar a partir da safra 2026/2027, com início em setembro de 2026. Até lá, a soja brasileira deve seguir como a origem mais barata. Sem a volta de um mercado livre, os Estados Unidos não venderão soja para a China entre fevereiro e agosto e precisarão exportar volumes recordes para outros destinos para alcançar a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de 45,9 milhões de toneladas. No mesmo período, o Brasil amplia sua capacidade logística, com novos terminais, incluindo um no Porto de Santos (SP), e deve elevar o volume embarcado mês a mês.
A XP questiona a projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de que a China importará 112 milhões de toneladas no ano comercial 2025/2026, mas afirma que o Brasil tem condições de exportar perto de 115 milhões de toneladas no próximo ciclo. A China deve comprar soja norte-americana no curto prazo, o que tende a sustentar os preços agora. Mas, sem uma liberalização completa do fluxo comercial e com demanda chinesa mais fraca, safra cheia no Brasil e melhora recente das previsões de chuva no País, o balanço global segue “pesado e confortável” em oferta sul-americana. Os Estados Unidos terão de permanecer competitivos para atingir 45 milhões de toneladas exportadas, e para isso o preço deverá sofrer correção. Sem uma quebra relevante de safra no Brasil ou na Argentina, os Estados Unidos enfrentarão concorrência agressiva da América do Sul em 2026. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.