31/Oct/2025
Segundo o Itaú BBA, os prêmios de exportação da soja brasileira recuaram com a expectativa de retomada dos embarques norte-americanos para a China, mas o País deve seguir competitivo no mercado internacional diante da alta disponibilidade do grão na safra 2025/2026. A recente valorização da soja na Bolsa de Chicago representa boa oportunidade para o produtor avançar nas vendas da próxima safra, que seguem atrasadas. Os prêmios brasileiros ajustaram o movimento de valorização da Bolsa de Chicago. Com ausência de compras chinesas de soja norte-americana e forte demanda pelo grão brasileiro, as cotações do prêmio vinham sustentando patamar elevado. Com a sinalização de embarques da soja norte-americana para a China após o acordo comercial, a desvalorização foi inevitável. Os preços futuros da soja subiram US$ 0,85 por bushel do início do mês até o dia 28 de outubro.
Por outro lado, os prêmios para a safra nova no Brasil cederam praticamente na mesma intensidade, contrabalanceando a alta da Bolsa de Chicago. Para a safra 2025/2026, os movimentos de compensação entre a Bolsa de Chicago e o prêmio acabam limitando grandes valorizações para o produtor no Brasil. Caso a expectativa de nova safra recorde para o Brasil se confirme, há possibilidade de desvalorização adicional para o prêmio, independentemente do comportamento dos preços na Bolsa de Chicago, diante da alta disponibilidade do grão e do frete, que deve seguir em patamar elevado. As projeções atuais apontam para safra ao redor de 178 milhões de toneladas em 2025/2026. Caso a projeção se realize, o potencial de embarque de soja do Brasil seria acima de 110 milhões de toneladas. Independentemente do acordo entre Estados Unidos e China, a boa safra, se confirmada, manterá o Brasil extremamente competitivo, o que seguirá atraindo a demanda internacional.
Sobre o acordo comercial, ainda não está claro se a China vai zerar a tarifa sobre a soja norte-americana ou reduzirá de 20% para 10%. Caso haja retirada das tarifas, a soja dos Estados Unidos ainda seria competitiva para embarques em dezembro e janeiro para a China, com alguma vantagem em relação ao Brasil. Porém, a janela de compra do grão norte-americano é curta. Os negócios firmados agora só se traduziriam em embarques a partir de dezembro, com as cargas chegando entre o fim de janeiro e meados de fevereiro. Depois disso, o Brasil volta a ter vantagem de custo sobre os Estados Unidos, inclusive com possibilidade de maiores volumes disponíveis de forma antecipada em 2026. A necessidade de compra das esmagadoras chinesas para a janela entre dezembro e janeiro é de cerca de 10 milhões de toneladas, possivelmente até um pouco menos, apesar de o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, anunciar que os chineses devem adquirir 12 milhões de toneladas em 2025/2026.
Também não está claro se os volumes dizem respeito ao ano civil ou ano safra. Quantidades adicionais dependeriam de compras estatais para formação de estoques. As margens de esmagamento na China seguem negativas e a produção de suínos, pressionada. Assumindo como ano safra, o volume comprometido de 12 milhões de toneladas seria um pouco acima da metade do adquirido pela China no ano safra anterior. As 25 milhões de toneladas prometidas para os próximos três anos está em linha com a média de compras chinesas entre as safras 2018/2019 e 2024/2025, de 24,8 milhões de toneladas. Apesar de toda a volatilidade esperada para os componentes de formação do preço da soja no Brasil, a menos que ocorra alguma quebra de safra que não está no radar no momento, mantém visão de preços pressionados para o produtor na safra 2025/2026. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.