24/Nov/2025
As irregularidades das chuvas no Brasil, os casos de necessidade de replantio e a expectativa de demanda externa mais aquecida no próximo ano deixam produtores brasileiros mais resistentes em negociar novos lotes da soja em grão. Com isso, a liquidez no mercado spot nacional está menor, e os preços subiram. Os valores da soja também foram influenciados por projeções indicando menor oferta mundial, o que, somado ao avanço da demanda na safra 2025/2026, deve reduzir a relação estoque/consumo final para o menor volume em três temporadas. Nos últimos sete dias, o Indicador da soja Paranaguá ESALQ/BM&F, referente ao grão depositado no corredor de exportação e negociado na modalidade spot (pronta entrega), no Porto de Paranaguá, apresenta alta de 1,2%, cotado a R$ 141,70 por saca de 60 Kg. A média ponderada da soja no Paraná, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ registra avanço de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 135,85 por saca de 60 Kg.
Nos últimos sete dias, os valores registram aumentos de 0,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Quanto ao farelo de soja, a demanda permanece aquecida, dando suporte aos preços domésticos. O farelo registra valorização de 1,3% nos últimos sete dias. As negociações de óleo de soja estão enfraquecidas, com parte das indústrias de biodiesel do País sinalizando que estão abastecidas para o médio prazo. O preço do óleo de soja (posto em São Paulo com 12% de ICMS) acumula baixa de 2,5% nos últimos sete dias, para R$ 7.034,32 por tonelada. Após o longo período de shutdown, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou no dia 14 de novembro, novos dados de oferta e demanda mundiais. Em relação aos dados de setembro, o USDA reduziu em novembro as estimativas para a produção norte-americana (passando para 115,75 milhões de toneladas) e indiana (para 10 milhões de toneladas), que, junto à previsão de menor oferta argentina (que deve somar 48,5 milhões de toneladas), pode reduzir a produção global em 1,3%, para 421,75 milhões de toneladas na safra 2025/2026.
Os dados também consideram estimativas de crescimento das ofertas do Brasil (175 milhões de toneladas), da China (21 milhões de toneladas), do Paraguai (11 milhões de toneladas) e da Rússia (8,3 milhões de toneladas). O esmagamento de soja da temporada 2025/2026 pode chegar a cerca de 364,98 milhões de toneladas, com crescimento de 2% em relação à temporada anterior. Entre os 15 maiores processadores mundiais de soja, há estimativa de avanço para 11 países. Destacam-se as previsões de menores processamentos na Argentina (-5,1%, para 41 milhões de toneladas), na União Europeia (-0,6%, para 15,3 milhões de toneladas) e na Índia (-17,7%, para 90,5 milhões de toneladas). O maior processamento mundial, de forma agregada, deve manter elevada a necessidade de importações. Assim, o USDA prevê aumento de 4,1% nas importações mundiais, para 186,41 milhões de toneladas, somente de soja em grão, o que equivale a 44,2% da produção mundial.
A China deve manter elevada a compra externa (112 milhões de toneladas), seguida pela União Europeia (14,3 milhões de toneladas). Chama a atenção a estimativa de que a Argentina importará 7,7 milhões de toneladas, consolidando-se como o terceiro maior país importador do mundo. Do lado das exportações, o USDA estima crescimento do volume a ser embarcado pelo Brasil na temporada 2025/2026 (112,5 milhões de toneladas), assim como da Argentina (8,25 milhões de toneladas) e do Paraguai (7,7 milhões de toneladas). Entretanto, estima queda de 12,8% nos embarques norte-americanos, para 44,5 milhões de toneladas. No agregado, o USDA estima que a relação estoque final da temporada 2025/2026 possa equivaler a 28,9% do consumo total de soja em grão (esmagamento + alimentício + ração). Esta é a menor relação em três temporadas. Do esmagamento de soja da temporada 2025/2026, devem ser geradas 286,4 milhões de toneladas de farelo, 1,8% acima da temporada anterior.
As transações entre países devem corresponder a cerca de 78 milhões de toneladas (+0,3% em relação à temporada passada), o que equivale a 99,34 milhões de toneladas de soja em grão. Esperam-se menores importações da União Europeia e redução das exportações da Argentina. Com isso, Brasil e Estados Unidos podem absorver uma parcela maior da demanda internacional, embarcando quantidades recordes de 24 milhões de toneladas e 17,42 milhões de toneladas, respectivamente. Para o óleo de soja, a oferta mundial é projetada pelo USDA em um recorde de 70,57 milhões de toneladas na safra 2025/2026, 1,1% maior que a de 2024/2025. Porém, espera-se redução expressiva de 12,6% nas transações mundiais, com impacto mais intenso nos embarques da Argentina. A redução das importações parece estar relacionada à maior oferta de óleos vegetais de outras fontes, como palma e canola. As importações desses óleos estão previstas para crescer na temporada 2025/2026. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.