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16/Dec/2025

Safra recorde do Brasil pressiona Bolsa de Chicago

Segundo a consultoria NoBullAg, a retomada das compras chinesas de soja não foi suficiente para sustentar os preços internacionais, que voltaram a cair abaixo de US$ 11,00 por bushel na Bolsa de Chicago, pressionados pela expectativa de clima favorável nas lavouras da América do Sul, nova safra recorde no Brasil e fraqueza do setor energético norte-americano. A semana passada foi um lembrete contundente de que a demanda nem sempre se traduz em preços mais altos. Mesmo com a China retomando as compras de soja norte-americana, o mercado perdeu força diante da percepção de oferta abundante nos próximos meses e da ausência de um acordo comercial formal entre Estados Unidos e China após o entendimento anunciado no fim de outubro. Desde que atingiu US$ 11,60 por bushel no início de novembro, o maior nível desde meados de 2024, a soja acumulou quedas em 11 das últimas 18 sessões na Bolsa de Chicago, com perda superior a US$ 0,90 por bushel nesse intervalo.

Apenas na semana passada, os contratos com vencimento em janeiro recuaram cerca de US$ 0,30 por bushel, levando as perdas acumuladas em duas semanas para mais de US$ 0,60 por bushel. Foi apenas o segundo fechamento semanal negativo consecutivo desde setembro. As compras acumuladas da China já superam 8 milhões de toneladas, aproximando-se de uma meta informal de cerca de 12 milhões de toneladas sinalizada pelos Estados Unidos. Em alguns momentos, a estatal chinesa Sinograin chegou a reservar vários navios por dia para carregar soja norte-americana, o que resultou em sucessivos anúncios diários de vendas externas. Ainda assim, o volume não foi suficiente para mudar a trajetória dos preços. O principal obstáculo segue sendo a iminente colheita de mais uma safra recorde brasileira, sem ameaças climáticas relevantes na América do Sul.

A falta de clareza sobre os próximos passos da política comercial norte-americana e a redução das consultas chinesas no fim da semana reforçaram o movimento de baixa, levando a uma queda acentuada de cerca de US$ 0,17 por bushel em um único pregão. No meio da semana passada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou dados atrasados sobre o esmagamento de soja no país, confirmando um início recorde da temporada 2025/2026. Em setembro, o processamento atingiu cerca de 5,6 milhões de toneladas, alta de 10% na comparação anual. Em outubro, o volume avançou para aproximadamente 6,4 milhões de toneladas, também cerca de 10% acima do recorde mensal anterior. Essa demanda forte no início da safra refletiu uma escassez temporária de grãos no mercado norte-americano, enquanto as indústrias de esmagamento faziam a transição entre a safra velha e a nova.

O movimento foi impulsionado pela necessidade de recompor estoques e pelo interesse de compra a preços relativamente baixos. Como consequência, os contratos futuros subiram cerca de 20% nas duas últimas semanas de outubro, mas essa alta tornou rapidamente o farelo de soja norte-americano pouco competitivo no mercado internacional. O episódio reforça que, neste momento do ciclo, a expectativa de oferta farta pesa mais do que sinais pontuais de demanda aquecida. Com a safra brasileira avançando sem problemas climáticos relevantes e a colheita se aproximando, o mercado passa a enxergar muito produto chegando nos próximos meses, o que limita uma reação mais consistente dos preços, mesmo com a China ativa nas compras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.