30/Abr/2019
No Brasil, os vendedores estão cautelosos quanto à comercialização no segundo semestre e, com isso, ofertam lotes de trigo remanescentes no spot. Essa tentativa de liquidar estoques pode estar atrelada ao fato de os preços serem considerados satisfatórios neste momento. Os demandantes sinalizam interesse nas importações e aguardam maior oferta do produto da Argentina. Assim, mesmo este sendo período de entressafra brasileira, os preços estão em queda em algumas regiões. Além disso, as recentes baixas nos valores externos do cereal de inverno e nas cotações do milho também influenciam as leves desvalorizações internas. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços registram recuo de 0,3% no Rio Grande do Sul, mas avanço de 0,3% no Paraná. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os valores apresentam queda de 0,5% no Rio Grande do Sul e de 0,2% no Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
No acumulado de abril, no mercado de balcão, os preços permanecem praticamente estáveis no Paraná e no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes, as cotações registram baixa de 1,5% no Paraná, 1,3% em São Paulo e 0,3% em Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, por outro lado, há valorização de 0,8%. No campo, o cultivo tem sido limitado pela falta de chuvas. No entanto, previsões indicam precipitações nas próximas semanas, o que deve favorecer o semeio e o desenvolvimento inicial das lavouras já implantadas. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o final de abril, 4% da área de trigo havia sido cultivada no Paraná. No Rio Grande do Sul, as atividades no campo ainda não começaram, mas os produtores se atentam ao preparo do solo, realizando recuperação de algumas áreas que apresentaram déficit após o cultivo de soja e milho. Além disso, eles guardam o período ideal para darem início ao semeio da temporada 2019/2020.
Na Argentina, o cenário é parecido. Segundo a Bolsa de Rosário, o maior volume de chuvas previsto para as regiões central e norte do país no próximo mês deve favorecer o cultivo do trigo. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), há melhora nas condições das lavouras do país. Até o dia 21 de abril, 14% dos cultivares de inverno apresentavam condições excelentes, 78%, boas, 6%, ruins e 2%, muito ruins. Quanto ao semeio de primavera, alcançou 5% da área total destinada, contra 3% há um ano e 22% na média de 2014 a 2018. Os preços registram recuo nos Estados Unidos e na Argentina. A baixa demanda pelo grão norte-americano e a expectativa de maior oferta de trigo na América do Sul são fatores de pressão sobre as cotações. Dados do Conselho Internacional de Grãos (IGC) reportam ganho de três milhões de toneladas na somatória da produção do grão argentino e brasileiro.
Desta forma, os futuros do trigo Soft Red Winter negociados na Bolsa de Chicago, com vencimento em maio/2019 apresentam queda de 2,1% nos últimos sete dias, a US$ 4,35 por bushel (US$ 159,84 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, para o contrato de mesmo vencimento, o trigo Hard Winter registra desvalorização de 4,8%, a US$ 3,99 por bushel (US$ 146,88 por tonelada), no mesmo comparativo. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires acumulam baixa de 0,5% nos últimos sete dias, a US$ 219,00 por tonelada. Quanto às negociações para entrega e pagamento em maio e julho de 2019 no Porto de Buenos Aires, os valores médios são de US$ 197,35 por tonelada e US$ 197,61 por tonelada, respectivamente, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.