17/Jun/2019
A comercialização interna de trigo segue arrastada, com moinhos retraídos e interesse de venda reduzido. Apenas negócios pontuais de volume pouco expressivo são relatados. A maior parte da indústria moageira está bem abastecida, com estoques suficientes para o consumo até meados da entressafra. Do lado dos produtores, como há pouca oferta disponível, o vendedor retrai o lote na expectativa de uma possível alta do preço. No Paraná, a falta de acordo nas condições de negociação e a divergência de cerca de R$ 50,00 por tonelada quanto ao preço trava a comercialização. Os moinhos indicam entre R$ 950,00 e R$ 960,00 por tonelada colocado em moinho da Região Metropolitana de Curitiba. Os produtores indicam entre R$ 900,00 e R$ 910,00 por tonelada, para retirada no norte do Estado. Diante disso, quem tem oferta de qualidade segura porque acredita que o preço vai subir no próximo mês.
Alguns moinhos estão abastecidos até entrada da safra, por volta do início de setembro, mas a maior parte da indústria deve necessitar de cereal ainda no próximo mês. Se poucos precisarem de reposição de estoque já representa uma demanda significativa em relação à baixa oferta disponível. No Rio Grande do Sul, os produtores estão mais voltados aos trabalhos de campo, com o plantio da safra 2019 do cereal de inverno e pouco comercializam. Além disso, também há falta de acordo sobre o preço entre os agentes. No Estado, há registro de negócios entre R$ 830,00 e R$ 840,00 por tonelada FOB, para retirada na região da Serra Gaúcha. A entrada de cereal importado tem sustentado a necessidade pontual dos moinhos do Rio Grande do Sul. Tanto o trigo, quanto a farinha tem entrado no Estado por valor inferior ao produzido aqui. Cargas da Argentinas têm chegado nos portos do Rio Grande do Sul entre R$ 800,00 e R$ 880,00 por tonelada, porém com qualidade superior ao cereal nacional.
Há também demanda de cereal argentino para entrega no segundo semestre, entre julho e agosto, período da entressafra brasileira. O volume ainda é expressivamente menor que o do ano passado, em virtude do risco de volatilidade cambial e da fixação do preço ao mercado internacional. O exportador argentino também segura a oferta, esperando uma alta na cotação. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os moinhos brasileiros importaram em maio 404,78 mil toneladas do cereal, volume 34% inferior ao comprado em abril, mas 1,8% acima ao adquirido do exterior em maio do ano passado. Do volume total, 80,5% vieram do Paraguai, 12,2%, do Líbano, 6,3%, do Uruguai e 1% veio da Argentina. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a estimativa de produção nacional de trigo para 2019, de 5,466 milhões de toneladas para 5,473 milhões de toneladas, no levantamento mensal de safra, divulgado no dia 11 de junho. A safra do principal cereal de inverno deve crescer 0,9%, ante 5,43 milhões de toneladas colhidas em 2018. A área plantada total na safra 2019 deve ficar em 1,973 milhão de hectares, representando recuo de 3,4%, em relação à área cultivada na safra anterior de 2,042 milhões de hectares.
Foi revisada para cima a estimativa de produção das Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Centro-Sul, que compensou a queda na perspectiva das Regiões Sul, Norte-Nordeste e Nordeste. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu a estimativa de produção do Brasil de 5,5 milhões de toneladas para 5,3 milhões de toneladas na safra 2019. A previsão de importação do país foi mantida em 7,5 milhões de toneladas. O plantio da safra nacional segue em andamento, com evolução nos trabalhos de campo nos dois principais Estados produtores, Rio Grande do Sul e Paraná. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, as lavouras de trigo já ocupam 45% dos 740 mil hectares que devem ser semeados com o grão. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o plantio atingiu 74% da área estimada no Paraná, de 1,003 milhão de hectares. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.