07/Fev/2022
A comercialização de trigo no mercado interno avança pouco. Moinhos, a maior parte abastecidos, adquirem apenas lotes pequenos. Na outra ponta, os produtores se desfazem pontualmente de volumes e não cedem nos preços pedidos. Nesse cenário, mesmo com a baixa liquidez, as cotações permanecem firmes. No Paraná, a disparidade entre os preços pagos pelos moinhos e os indicados pelos produtores limita o fechamento de novos acordos.
O mercado spot está travado em função do câmbio forte que eleva a paridade do cereal local e gera divergências significativas nos preços entre vendedores e compradores. Os produtores indicam até R$ 1.800,00 por tonelada FOB interior para cereal de qualidade superior, enquanto alguns moinhos indicam entre R$ 1.700,00 e R$ 1.750,00 por tonelada CIF região metropolitana de Curitiba. Outro fator que trava os negócios é a divergência quanto aos prazos. A maioria dos moinhos quando demonstra interesse quer embarcar ou receber até março. Já os vendedores querem entregar o quanto antes, no máximo até o fim de fevereiro.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, negócios pequenos estão sendo reportados nos últimos dias. Como não há mais concorrência com exportação e indústria de ração, os moinhos estão confortáveis comprando apenas volumes necessários e garimpando oportunidades de preços. Também não há procura de trigo do Rio Grande do Sul por outros Estados por causa do frete elevado. Os produtores não demonstram interesse em se desfazer de grandes volumes já que há apenas lotes remanescentes no Estado e não haverá necessidade de liberar volume expressivo de estoques pois houve quebra na safra de verão (1ª safra 2021/2022). O mercado está acomodado.
Os vendedores estão represando a comercialização e se desfazendo de volume apenas para geração de caixa para pagamento de despesas imediatas. A oferta disponível no mercado não é suficiente para aquecer a negociação, mas ideal para atender à demanda atual dos moinhos e manter as vendas cadenciadas. Aproximadamente 80% dos 3,5 milhões de toneladas colhidas no Estado na safra 2020/2021 já foram comercializadas. O produtor vai se desfazer lentamente desse saldo remanescente para manutenção de caixa de médio e longo e prazo e na medida que semear a próxima temporada.
Neste cenário de demanda e oferta ajustadas, os preços se mantêm estáveis no Rio Grande do Sul. Os moinhos pagam entre R$ 1.580,00 e R$ 1.600,00 por tonelada FOB ou entre R$ 1.660,00 e R$ 1.680,00 por tonelada CIF Passo Fundo. A indústria colocou esses valores como teto de preços pagos. A indústria moageira não aumenta valor ofertado, alegando baixo nível de moagem e dificuldades de repasse do aumento dos custos ao preço final da farinha.
A indústria está coberta pelo menos até março. A partir de março, os moinhos precisarão adquirir volumes mais expressivos, mas vão aguardar e, caso necessário, pagar preços mais altos lá na frente. Eles preferem moer menos do que obter margens menores. A indústria moageira opera com capacidade ociosa de 35%. Fatores sazonais como verão e férias escolares também contribuem para menor consumo de derivados de trigo e demanda arrefecida dos moinhos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.