10/Fev/2022

Segundo o Itaú BBA, os preços do trigo no mercado interno tendem a continuar sustentados no curto prazo em meio à disponibilidade doméstica mais restrita. As quebras na safra de verão (1ª safra 2021/2022) na Região Sul do País diminuem a pressão para que produtores se desfaçam de cereal armazenado, o que contribui para baixa oferta interna e fornece suporte às cotações do cereal. Além disso, o ritmo aquecido de exportações também afeta a disponibilidade do trigo no mercado doméstico. As cotações do cereal subiram 3,5% em janeiro. O mercado interno de trigo ganhou força em janeiro mesmo com câmbio cedendo no período, o que poderia reduzir a paridade de importação e pressionar os preços internos.

Mesmo que parte da indústria tenha garantido estoques de curto prazo no momento da colheita, os próximos meses serão desafiadores no abastecimento. A taxa de câmbio pode dar um alento à paridade de importação, em momentos em que os preços internacionais mais voláteis possam abrir janelas de oportunidade para a importação de trigo, principalmente da Argentina. Do lado da demanda, pode haver estímulo ao consumo de derivados de trigo a partir do Auxílio Brasil (programa social substituto do Bolsa Família), que vigora desde o último mês. O Auxílio Brasil tende a estimular o consumo dos farináceos e dar suporte ao cenário positivo ao repasse das altas de custos dos últimos meses da matéria-prima por parte da indústria.

No mercado externo, os preços do cereal tendem a seguir voláteis com o clima adverso nos Estados Unidos adicionando prêmio de risco aos contratos futuros negociados na Bolsa de Chicago. O fator que fomenta esse cenário será o desdobramento do conflito entre Rússia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Vale ressaltar que o trigo se encontra com o balanço global mais apertado das últimas 5 safras e há um risco de menor disponibilidade do cereal via Mar Negro caso se intensifiquem as tensões e ocorram sanções para a região. O avanço nos preços do milho também podem ser fatores altistas às cotações internacionais do trigo, já que são substitutos na ração animal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.