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12/Abr/2022

Tendência de alta no mercado internacional de trigo

As cotações externas do trigo voltaram a subir, impulsionadas por dados indicando menor estoque mundial na safra 2021/2022 e alta do consumo. No Brasil, as cotações apresentam movimentos distintos. Enquanto no mercado de balcão (preço pago ao produtor) os valores caem, pressionados por expectativas de maior área semeada; no mercado de lotes (negociação entre empresas), os preços avançam, acompanhando as valorizações externa e do dólar. A semeadura da nova safra já foi iniciada no Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), mas ainda soma menos de 0,1% da área esperada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou no relatório de abril que o consumo global de trigo deve somar 791,08 milhões de toneladas, alta de 0,5% sobre os dados de março e 1,1% maiores que os da temporada passada.

Os estoques mundiais foram previstos para serem 1,1% inferiores aos do relatório de março e 4,2% abaixo dos da safra 2020/2021, totalizando 278,42 milhões de toneladas, principalmente com redução na Índia. Assim, a relação estoque/consumo caiu, saindo de 35,8% previstos em fevereiro para 35,2%. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2022 do Soft Red Winter tem valorização de 6,8% nos últimos sete dias, a US$ 10,51 por bushel (US$ 386,36 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Maio/2022 do trigo Hard Winter apresenta avanço de 9,3% no mesmo período, a US$ 11,06 por bushel (US$ 406,66 por tonelada). Além dos dados do USDA, o clima seco em regiões produtoras dos Estados Unidos também impulsiona os valores. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 401,00 por tonelada.

No Brasil, nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram baixa de 1,49% no Paraná, 1,4% em Santa Catarina e 0,99% no Rio Grande do Sul. Em contrapartida, no mercado de lotes (negociação entre empresas), as cotações têm avanço de 0,76% em São Paulo, 0,69% no Paraná e 0,66% em Santa Catarina. Apenas no Rio Grande do Sul que há recuo de 1,21%. No relatório deste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou negativamente em comparação ao relatório de fevereiro a estimativa para a importação total (de agosto/2021 a julho/2022), para 6,5 milhões de toneladas. Com isso, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) subiu para 15,49 milhões de toneladas, 10,4% acima da safra anterior. Do lado da demanda, a estimativa de consumo interno foi reduzida em comparação ao relatório de fevereiro e está estimada em 12,15 milhões de toneladas, 2,1% maior que na temporada anterior.

Porém, as estimativas de exportação de trigo entre agosto/2021 e julho/2022 também foram novamente atualizadas e aumentaram para 3 milhão de toneladas, ainda sob influência da maior aceitação externa pelo grão de menor PH e pela valorização do dólar. Se confirmada, será equivalente a 2,6 vezes mais que as exportações do período anterior, ou seja, crescimento de 164%. Com estas alterações, o estoque final, em julho/2022, foi elevado para 337,8 mil toneladas. Em relação à nova temporada 2022/2023, que será iniciada apenas em agosto, as previsões são de produção de 7,90 milhões de toneladas de trigo, alta de 3% em comparação à safra anterior. O volume importado tem previsão de somar 6,5 milhões de toneladas, enquanto a exportação, apenas um milhão de toneladas. Com o consumo projetado em 12,75 milhões de toneladas, a disponibilidade interna está estimada em 14,75 milhões de toneladas, recuo de 4,8% em comparação a 2021. Assim, os estoques finais, em julho/2023, subiriam para cerca de 995,4 mil toneladas.

Em termos mundiais, o USDA, no relatório de abril, aumentou em leve 0,04% a estimativa de produção global da safra de trigo 2021/2022 frente aos dados indicados em março, mantendo volume 0,3% superior ao da temporada 2020/2021. Esta alta está relacionada às maiores produções na Argentina e no Paquistão, 2,4% e 1,7% superiores aos do relatório do mês passado, respectivamente. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê volume de 201,7 milhões de toneladas transacionadas, 1,5% inferior ao relatório passado, justificado pela redução dos embarques da União Europeia e da Ucrânia, apesar da alta da Rússia, do Brasil e da Argentina. A União Europeia deverá exportar 34 milhões de toneladas, 3,5 milhões de toneladas abaixo do volume divulgado em março/2022, e a Ucrânia, 19 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas a menos no mesmo comparativo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontaram que, em março/2022, o Brasil exportou 801,0 mil toneladas de trigo, volume apenas inferior ao recorde de fevereiro/2022 (836,84 mil toneladas).

Entre abril/2021 e março/2022, as exportações somaram 2,85 milhões de toneladas, a maior quantidade desde janeiro/2013 (2,63 milhões de toneladas). Do lado das importações, em março/2022, chegaram aos portos brasileiros 527,70 mil toneladas de trigo, elevação de 5,8% sobre o mês anterior, porém, queda de 13,6% frente a março/2021. Do total importado pelo Brasil, 85,5% vieram da Argentina; 6,6% do Paraguai; 6,2%, do Uruguai; e 1,7% dos Países Baixos (Holanda). Nos últimos 12 meses, o volume importado totalizou 6,05 milhões de toneladas. Os preços de importação registraram média de US$ 302,33 por tonelada FOB origem, 6,5% acima dos de fevereiro/2022 e 16,2% superiores aos de março/2021 (US$ 260,19 por tonelada). Ao se considerar o dólar médio de R$ 4,96 em março/2022, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.501,06 por tonelada FOB, 2,3% a mais que em março/2021. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.