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03/Mai/2022

Tendência de alto do trigo com o avanço do dólar

A produção brasileira de trigo deve crescer neste ano, ao passo que na Argentina e na Ucrânia as expectativas são de queda no volume a ser colhido. Quanto aos Estados Unidos, as condições das lavouras vêm apresentando pioras. No Brasil, informações da Embrapa indicam que a área nacional com trigo pode aumentar 13% neste ano, passando de 2,7 milhões de hectares para 3,1 milhões de hectares. Por isso, a produção pode atingir 8,5 milhões de toneladas, o que seria um recorde. No Paraná, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) estima que 1,17 milhão de hectares sejam semeados no Estado, 5% inferior à temporada anterior. Até o momento, as atividades cobriram 3% dessa área. Ainda assim, caso o clima siga favorável, a produção do estado pode atingir 3,9 milhões de toneladas, 20% superior à do ano passado.

Na Argentina, relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima produção da safra 2021/2022 em 21,9 milhões de toneladas. Para a temporada 2022/2023, a produção de trigo da Argentina está prevista para cair, indo para 18,6 milhões de toneladas. Esse cenário se deve à menor área destinada ao cereal e à redução na produtividade. Além disso, o alto custo dos insumos, sobretudo de fertilizantes, mantém as intenções de plantio incertas, pois os preços do trigo também estão elevados. Em relação às exportações da Argentina na safra 2022/2023, estão previstas pelo USDA em 12,6 milhões de toneladas, abaixo das da temporada anterior, devido à menor produção. O consumo interno deverá ser de 6,5 milhões de toneladas, maior que na safra passada, e os estoques deverão permanecer em 2 milhões de toneladas, sob controle do governo, a fim de garantir o abastecimento da indústria e reduzir a volatilidade de preços.

Quanto à Ucrânia, informações divulgadas pela consultoria SovEcon indicam que a produção de trigo no país pode somar 23,1 milhões de toneladas neste ano, 500 mil toneladas abaixo da projeção anterior e inferior ao volume da safra de 2021, quando 32,1 milhões de toneladas foram colhidas. Em relação às exportações, se ocorrer um cessar-fogo ainda no primeiro semestre deste ano e por consequência ser verificada a reabertura dos portos, a Ucrânia poderia exportar 20 milhões de toneladas de trigo na safra 2022/2023, já que o país detém elevado volume estocado. Nos Estados Unidos, o USDA indicou que a semeadura do trigo de primavera havia atingido 13% da área até o dia 24 de abril, abaixo do observado no mesmo período da temporada anterior (27%) e da média dos últimos cinco anos (15%). Em relação às condições do trigo de inverno, 27% estavam em condições boas/excelentes, 34%, intermediárias, e 39%, ruins/muito ruins, novamente uma piora em comparação à semana anterior.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de abril, o Brasil exportou 125,08 mil toneladas de trigo em grão, acima de toda a quantidade embarcada em abril do ano passado (21,2 toneladas). As importações de trigo somam 350,40 mil toneladas na parcial de abril, contra 467,91 mil toneladas em abril de 2021, redução de 25,1%. Os preços de importação registram média de US$ 303,90 por tonelada FOB origem, 12,9% acima dos verificados no mesmo período de 2021 (US$ 269,20 por tonelada). Os preços internos do trigo registram alta, influenciados pela valorização do dólar, que, por sua vez, favorece a paridade do cereal nacional frente ao importado. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os preços apresentam avanço de 4,09% no Rio Grande do Sul, 0,79% em Santa Catarina e 0,45% no Paraná.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações registram alta de 5,1% no Rio Grande do Sul, 1,44% em Santa Catarina, 0,78% em São Paulo e 0,53% no Paraná. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires acumulam alta de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 452,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2022 do Soft Red Winter tem desvalorização de 2,0% nos últimos sete dias, a US$ 10,43 por bushel (US$ 383,51 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Maio/2022 do trigo Hard Winter apresenta baixa de 4,2% no mesmo período, a US$ 10,94 por bushel (US$ 402,07 por tonelada). A baixa está relacionada à alta da moeda norte-americana e à venda semanal dos Estados Unidos menor que as expectativas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.