10/Mai/2022

Os preços do trigo seguem em alta no Rio Grande do Sul e no Paraná, os principais Estados produtores do Brasil. Na semana passada, o cereal foi negociado nas máximas nominais das respectivas séries estaduais. O impulso vem das valorizações externa e do dólar e da baixa disponibilidade atual do cereal da última safra no mercado spot para negociação. No mercado internacional, as piores condições das lavouras nos Estados Unidos, na Ásia e na Europa e a menor oferta da Argentina dão o tom altista. Além desse cenário, a maior taxa de câmbio também encarece os custos de importação, reforçando o movimento de alta no Brasil, em um ambiente de baixos estoques. A semeadura da nova safra no Brasil segue favorecida pelo clima, com trabalhos avançando especialmente no Paraná. No Rio Grande do Sul, no dia 4 de maio, o trigo teve média de R$ 1.923,69 por tonelada, recorde nominal da série história do Cepea. No Paraná, a máxima, de R$ 1.947,85 por tonelada, foi atingida no dia 5 de maio.

Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os valores registram avanço de 4,02% no Rio Grande do Sul e 0,89% no Paraná, mas queda de 0,24% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações têm alta de 0,81% no Paraná, 0,71% no Rio Grande do Sul e 0,26% em São Paulo, mas recuo de 0,64% em Santa Catarina. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 0,9% nos últimos sete dias, a US$ 456,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2022 do Soft Red Winter, na Bolsa de Chicago, apresenta valorização de 5,1% nos últimos sete dias, a US$ 10,97 por bushel (US$ 403,08 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Maio/2022 do trigo Hard Winter registra avanço de 5,9% no mesmo período, a US$ 11,59 por bushel (US$ 425,95 por tonelada).

A alta externa está atrelada à redução da safra da Índia, devido ao clima quente, à possibilidade de menor produção na França e nos Estados Unidos, onde lavouras estão sendo prejudicadas pela seca, e ao atraso no plantio da safra de primavera em algumas regiões norte-americanas. No campo brasileiro, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) informa que, até o dia 2 de maio, 13% da área havia sido semeada no Paraná, com 77% em germinação e 23% em desenvolvimento vegetativo. O clima seco e temperaturas adequadas seguem favorecendo o avanço da semeadura no Estado. Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a semeadura do trigo de primavera havia somado 19% da área estimada até o dia 1º de maio, abaixo dos 46% observados no mesmo período da temporada anterior e da média dos últimos cinco anos (28%); 5% já emergiram. Em relação às condições do trigo de inverno, 27% estavam em condições boas/excelentes; 30%, em intermediárias; e 43%, em ruins/muito ruins, novamente, uma piora em comparação à semana anterior.

De acordo com dados preliminares da Secretaria de Comercio Exterior (Secex), nos 19 dias úteis de abril, foram exportadas 154,13 mil toneladas de trigo, volume muito superior às 21,2 toneladas de abril/2021. O volume exportado desde agosto/2021 soma 3 milhões de toneladas, bem acima do de safras anteriores. As importações de trigo somaram 515,25 mil toneladas, contra 467,75 mil toneladas em abril de 2021, alta de 10,1%. Em relação ao preço de importação, a média de abril/2022 esteve em US$ 316,60 por tonelada FOB origem, 17,6% acima da registrada no mesmo mês de 2021 (de US$ 269,20 por tonelada). De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 28 de abril, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2021/2022) somavam 18,75 milhões de toneladas, 19,1% inferior ao volume escoado no mesmo período de 2021 (23,19 milhões de toneladas).

Na semana do dia 28 de abril, especificamente, foram exportadas 384,46 mil toneladas, quantidade 32,7% superior à da semana anterior (289,61 mil toneladas), mas 27,8% menor que a registrada em período equivalente de 2021 (de 533,20 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram Filipinas (55,29 mil toneladas), Coreia do Sul (54,99 mil toneladas) e México (53,92 mil toneladas). Na Rússia, de acordo com a consultoria SovEcon, a exportação de trigo foi elevada para 34,2 milhões de toneladas na safra 2021/2022. Para a temporada 2022/2023, o volume estimado de exportação é de 41 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.