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17/Mai/2022

Tendência de alta para os preços do trigo persiste

Os preços do trigo continuam em alta nos mercados interno e externo. No Brasil, mesmo diante de previsões indicando produção recorde, o valor médio do cereal desta parcial de maio atinge a máxima real no Rio Grande do Sul (valores deflacionados pelo IGP-DI). No Paraná, em Santa Catarina e em São Paulo, as médias mensais são as maiores desde 2013, em termos reais. Ressalta-se que, em termos nominais, os preços operam nas máximas em praticamente todas as regiões, considerando-se as séries de preços iniciadas em 2004. Os baixos estoques no Brasil e a menor oferta da Argentina dão suporte aos preços. De acordo com dados divulgados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2022/2023 deve somar produção de 8,13 milhões de toneladas, 5,9% superior à da temporada passada.

A área destinada ao cereal deve ser de 2,82 milhões de hectares, 3% maior que em 2021, e a produtividade, de 2,88 toneladas por hectare, alta de 2,8%. A importação está estimada em 6,5 milhões de toneladas e a exportação, em 1 milhão de toneladas. O consumo está projetado em 12,76 milhões de toneladas, leve alta de 0,1% em comparação ao relatório de abril e 5% maior que a estimativa de 2021. A disponibilidade interna está prevista em 14,96 milhões de toneladas, recuo de 3,4% em comparação a 2021. Assim, os estoques finais, em julho/2023, subiriam para cerca de 1,208 milhão de toneladas. Na Argentina, informações da Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicam que a safra 2022/2023 de trigo deve somar 20,5 milhões de toneladas, redução de 8,5% frente à anterior.

A área destinada ao cereal no país caiu 1,5%, indo para 6,6 milhões de hectares. Em temos globais, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam redução da produção e dos estoques da safra 2022/2023, com a relação estoque/demanda indo para o menor patamar em oito safra. Também chamou a atenção a decisão do governo indiano de restringir as exportações de trigo diante da escalada dos preços domésticos. A Índia é o oitavo maior exportador mundial, representando 5% das transações na temporada 2021/2022. A produção mundial 2022/2023 deverá ser de 774,8 milhões de toneladas, 0,6% inferior à temporada anterior, com baixa expressiva na Ucrânia, Austrália e Argentina. A produção da Ucrânia deverá passar de 33 milhões de toneladas na safra 2021/2022 para 21,5 milhões de toneladas em 2022/2023, devido ao conflito contra a Rússia.

O consumo mundial está estimado em 787,5 milhões de toneladas em 2022/2023, 0,4% inferior ao de 2021/2022, com menor utilização para ração e residuais, apesar da alta na alimentação humana e sementes. Em relação a estoques finais, podem somar 267 milhões de toneladas, queda de 4,5%. Em relação às exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 205,2 milhões de toneladas transacionadas, 1,8% superior ao da safra 2021/2022. As exportações deverão aumentar principalmente com origens no Canadá e na Rússia, com volume previsto de 24 milhões de toneladas e 39 milhões de toneladas, respectivamente. Apesar da alta, vale ressaltar que as exportações da Ucrânia deverão cair drasticamente, passando de 19 milhões de toneladas para 10 milhões de toneladas.

Nos Estados Unidos, especificamente, informações mostram condições ruins das lavouras de inverno e atraso no plantio na safra de primavera. No Brasil, as negociações estão limitadas pelo baixo volume de trigo da última safra ainda disponível no spot. Em relação a preços, nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 4,21% em Santa Catarina, 3,99% no Rio Grande do Sul e 2,54% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as cotações apresentam alta de 5,3% em São Paulo, 4,92% no Paraná, 4,49% em Santa Catarina e 4,12% no Rio Grande do Sul. Em termos reais, os preços médios mensais são os maiores da série histórica do Cepea desde setembro de 2013 em São Paulo (R$ 1.962,74 por tonelada) e em Santa Catarina (de R$ 1.927,37 por tonelada) e desde outubro de 2013 no caso do Paraná (R$ 1.960,92 por tonelada).

No Rio Grande do Sul, a média está em R$ 1.934,52 por tonelada, recorde da série, em termos reais. Na Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 461,00 por tonelada. Este é o maior valor da série histórica do Cepea que foi iniciada em 2009. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2022 do Soft Red Winter, na Bolsa de Chicago, tem valorização de expressivos 6,4% nos últimos sete dias, a US$ 11,67 por bushel (US$ 428,89 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Maio/2022 do trigo Hard Winter registra avanço de relevantes 8,1% no mesmo período, a US$ 12,52 por bushel (US$ 460,31 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.