ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

17/Jan/2023

Tendência é de baixas dos preços internos do trigo

As estimativas da produção de trigo, tanto internacional quanto no Brasil, foram novamente elevadas em relatórios divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 12 de janeiro, devendo ser recordes. Apesar disso, o consumo mundial de trigo deve ficar acima da produção. Em relação aos preços, seguem em queda no mercado interno de lotes, assim como a moeda norte-americana. Apesar de a colheita já ter sido finalizada, a Conab, em relatório divulgado neste mês, aumentou a estimativa da safra de 2022 no Brasil para 9,76 milhões de toneladas, alta de 27,2% frente à temporada de 2021, um recorde nacional. A produtividade foi projetada em 3,16 toneladas por hectare, 12,9% superior à anterior. A área colhida foi de 3,08 milhões de hectares, elevação de 12,7% no mesmo comparativo.

Com a maior produção nacional, a expectativa do volume importado foi reduzida em 100 mil toneladas, passando para 6 milhões de toneladas de agosto/2022 a julho/2023, 1,3% menor que na temporada passada. Dessa forma, a disponibilidade interna está prevista em 16,48 milhões de toneladas, e o consumo doméstico, em 12,29 milhões de toneladas. Os recordes de disponibilidade e de consumo interno também devem resultar em recorde de excedente doméstico, que pode chegar a 4,2 milhões de toneladas. A estimativa de exportação foi mantida em 3 milhões de toneladas (entre agosto/2022 e julho/2023). Assim, o estoque final foi reajustado positivamente para 1,19 milhão de toneladas em julho/2023. Quanto à safra mundial, o USDA elevou a produção mundial e os estoques finais da safra 2022/2023 na comparação entre os relatórios de janeiro e de dezembro.

A produção mundial está estimada em 781,31 milhões de toneladas, um recorde, 0,1% maior que os dados indicados em dezembro/2022 e, ainda, 0,3% acima dos da temporada passada. As altas mais expressivas da produção frente à temporada passada seguem observadas na Rússia e no Canadá, com aumentos de 15,8 milhões de toneladas e de 11,5 milhões de toneladas, respectivamente. Entretanto, ainda se destacam as quedas representativas de Ucrânia (-12 milhões de toneladas), Argentina (-9,6 milhões de toneladas) e Índia (-6,5 milhões de toneladas) em relação a 2021/2022. A estimativa de consumo mundial ficou praticamente estável (+0,03%) no comparativo com o relatório anterior, indo para 789,73 milhões de toneladas, 0,3% menor que a da safra 2021/2022, mas acima da produção global. Para as exportações da safra 2022/2023, o USDA prevê volume de 209,6 milhões de toneladas, 0,4% acima do relatório de dezembro, devido aos maiores volumes de Ucrânia e União Europeia.

Apesar disso, na safra 2022/2023, há reduções expressivas nos embarques da Índia (-76,3%), da Argentina (-57,5%) e da Ucrânia (-31,0%). Os estoques de passagem foram previstos em 268,3 milhões de toneladas, avanço de 0,4% no mês; porém, os menores desde 2016/2017. No mercado interno, nos últimos sete dias, o valor no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresenta altas de 0,29% no Paraná e de 0,08% no Rio Grande do Sul, mas queda de 0,23% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), as baixas são de 2,33% no Paraná, de 1,12% em São Paulo, de 0,43% em Santa Catarina e de 0,24% no Rio Grande do Sul. Tomando-se como base os dados da Conab, de 2 a 6 de janeiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 380,32 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,37, o cereal importado era negociado a R$ 2.042,36 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.717,67 por tonelada.

No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 357,10 por tonelada, o equivalente a R$ 1.917,68 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.510,91 por tonelada na média. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 133,19 mil toneladas de trigo na primeira semana de janeiro, contra 501,64 mil toneladas em todo o primeiro mês de 2022. Os preços de importação registram média de US$ 350,60 por tonelada FOB origem, 27,1% acima dos verificados no mesmo período de 2022 (US$ 275,90 por tonelada). Para as exportações, o volume foi de 149,18 mil toneladas no mesmo período, contra 586,39 mil toneladas em janeiro do ano passado. As cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 1,1% nos últimos sete dias, a US$ 370,00 por tonelada.

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires relatou que a colheita de trigo foi finalizada na Argentina, com produção de 12,4 milhões de toneladas na safra 2022/2023. Nos Estados Unidos, o contrato Março/2023 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago permanece estável nos últimos sete dias, a US$ 7,43 por bushel (US$ 273,28 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o vencimento Março/2023 do trigo Hard Winter tem alta de 1,4% no mesmo período, a US$ 8,43 por bushel (US$ 310,02 por tonelada). A alta ocorreu com estoques abaixo do esperado nos Estados Unidos. A consultoria russa SovEcon estimou que as exportações de trigo da Rússia devem atingir 21,3 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano, devido à safra recorde no país, totalizando 44,1 milhões de toneladas embarcadas na safra 2022/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.