20/Nov/2023
A continuidade das fortes chuvas na região Sul e as incertezas crescentes sobre o real tamanho da safra de trigo mantêm compradores e vendedores pouco ativos nos negócios. No Paraná, onde a colheita do trigo está praticamente finalizada, negócios são firmados com maior frequência, enquanto no Rio Grande do Sul, a comercialização patina. Em ambas as regiões, há baixa disponibilidade de cereal de qualidade superior (tipo pão), o que fez os preços do trigo estenderem a alta das últimas semanas. No Paraná, na região de Maringá, os compradores estão propondo entre R$ 1.350 e R$ 1.400 por tonelada CIF para cereal tipo 1 pão, mas vendedores demonstram pouco interesse. O pouco volume de cereal que ainda entra no mercado é entregue pelos produtores diretamente às cooperativas locais. No norte do Estado, por conta do spread entre milho e trigo, com o milho um pouco mais elevado, o trigo tem chamado mais atenção do mercado asiático, Mar Negro, para ração animal.
Na região de Ponta Grossa, a indústria moageira indica em média R$ 1.350 por tonelada CIF moinho, enquanto vendedores pedem entre R$ 1.400 e R$ 1.500 por tonelada FOB. Saem lotes pontuais de 2 a 3 mil toneladas a R$ 1.350 por tonelada FOB. A colheita na região de Maringá foi encerrada antes das chuvas, restando agora apenas o triguilho e os tipos 2 e 3 para serem retirados do campo. Na região de Maringá, entre o fim de setembro e novembro, foram de 600 milímetros a 800 milímetros de chuvas. Muitos produtores ainda nem conseguiram plantar, a umidade está muito alta e os rios ainda não baixaram. No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, produtores que têm trigo para panificação mantém o produto armazenado, no aguardo de mais avanços de preços. Isso ocorre porque o excesso de chuvas no Estado gaúcho tem deteriorado dia a dia a qualidade da safra, cuja maior parte deve servir apenas para ração. O trigo tipo pão, com PH bom, é disputado pelos moinhos, o que provoca alta de preços.
Os preços do trigo tipo pão subiram para R$ 1.450 por tonelada FOB, com retirada e pagamento imediatos - ante R$ 1.320 por tonelada na semana anterior. Há expectativa de que a cotação avance para até R$ 1.600 a tonelada. Quem tem o cereal da safra velha também não indica preço, porque toda semana o valor está subindo. Já o trigo destinado para ração está cotado a R$ 765 a 768 por tonelada FOB, com retirada imediata e pagamento em 30 dias, valor estável em relação à semana anterior. Compradores de granjas estão procurando trigo porque está mais em conta do que o milho. Entretanto, há grande preocupação com o cereal que ainda está na lavoura, tomando as chuvas das últimas semanas. Pode ser que o trigo que está no campo não seja classificado nem mesmo para ração, por causa da perda de qualidade. Além das condições climáticas adversas, o mercado acompanha também os leilões de apoio à comercialização, operados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Na próxima quinta-feira (23/11), a Conab realizará leilão para 175,5 mil toneladas de trigo por meio do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa (Pepro) e para 154,3 mil toneladas de cereal por meio de Prêmio para Escoamento do Produto (PEP). Cereal da atual safra produzido em Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina poderá ser comercializado nos leilões. Agentes têm demonstrado maior interesse em arrematar o cereal por meio do Pepro, enquanto tradings estão pouco ativas na negociação do PEP. Nos três primeiros leilões, saíram 289,807 mil toneladas de Pepro de 504,9 mil ofertadas, enquanto foram comercializadas apenas 134,5 mil toneladas por meio do PEP de um montante de 464,4 mil toneladas que poderiam ter sido arrematadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.