14/Feb/2024
Os preços do trigo no mercado doméstico estão em alta nas principais regiões produtoras, acompanhando a maior paridade de importação. Operadores relatam aumento, em média, de R$ 50,00 a R$ 80,00 por tonelada no valor pago pelo cereal local. A tendência é que o movimento se estenda nas próximas semanas, com aumento da demanda de moinhos pelo produto importado em virtude do baixo volume de cereal tipo pão disponível. O cereal argentino, principal origem que chega ao País, continua até R$ 300,00 por tonelada acima do produto nacional. O dólar próximo a R$ 5,00 contribui para a valorização do trigo importado e, consequentemente, para o aumento da paridade de importação. No Paraná, moinhos indicam de R$ 1.280,00 por tonelada FOB a R$ 1.350,00 por tonelada CIF, para pagamento de 28 a 30 dias para cereal tipo pão.
As indicações apresentam aumento de R$ 50,00 a R$ 80,00 por tonelada para trigo de qualidade superior, diante da expectativa de que as cotações possam chegar a R$ 1.500,00 por tonelada em um mês. O preço subiu em virtude da leitura dos moinhos de que os preços vão subir se não comprarem agora, porque não haverá mais trigo para panificação disponível no Estado e o trigo argentino é mais caro. Por isso, preferiram elevar os valores do trigo tipo pão nacional. O trigo argentino tipo pão chega no Estado entre R$ 1.500,00 e R$ 1.550,00 por tonelada, posto moinho (de US$ 310 a US$ 315 por tonelada CIF interior), valores estáveis desde a segunda quinzena de dezembro. Apenas 20% do trigo colhido no Paraná na última safra e 15% no Rio Grande do Sul foram de qualidade superior, tipo 1.
O Brasil não produziu trigo para panificação em volume suficiente para atender os moinhos. O pouco volume que ainda existe é disputado pelos moinhos que querem aumentar o estoque para não precisar comprar o trigo argentino. Somente no último mês, 380 mil toneladas de cereal argentino desembarcaram no Rio Grande do Sul e no Paraná, sendo 90 mil toneladas para moinhos do Paraná e 290 mil toneladas para a indústria moageira do Rio Grande do Sul. No Estado, crescem as ofertas de cereal de qualidade inferior, de cerealistas e cooperativas que querem liberar armazéns para recebimento de soja e milho safra de verão (1ª safra 2023/2024). Alguns se desfazem a baixos preços, de R$ 1.250,00 a R$ 1.300,00 por tonelada FOB, mesmo sabendo que o cereal vai subir, porque precisam do espaço.
No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, há registro de negócios pontuais de trigo de baixa qualidade para ração, de PH 72, em média a R$ 835,00 por tonelada FOB, para entrega imediata e pagamento em 30 dias. Os lotes tinham destino a exportação. No Porto de Rio Grande, as ofertas giram a R$ 985,00 por tonelada CIF, para os mesmos prazos. Os produtores vendem da mão para boca, por causa da necessidade de liberar espaço nos armazéns para entrada da soja e do milho que estão sendo colhidos. Enquanto isso, os compradores do mercado doméstico estão com foco na compra de milho, mas não conseguem adquirir o cereal nos atuais níveis de preços pedidos por vendedores e já começam voltar as atenções para a 2ª safra de 2024 de Mato Grosso.
Na região, nem se fala no trigo de qualidade superior, tipo panificação. Os produtores mantêm tal grão armazenado, esperando que moinhos de fora se manifestem em algum momento com preços mais remuneradores que o mercado local. Quanto ao trigo da safra velha, o produtor vai segurar mais ainda. A primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2024 de trigo é considerada otimista. A Conab prevê colheita de 10,2 milhões de toneladas, volume 26% superior ao de 2023. A TF Agroeconômica prevê uma safra de 8,9 milhões de toneladas a, no máximo, 9,1 milhões de toneladas, porque não haverá sementes adequadas em volume suficiente. O clima chuvoso prejudicou a qualidade das sementes na Região Sul e, portanto, a produtividade não será a mesma, apesar da manutenção da área. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.